Madeleine acordou antes do sol. O chalé ainda estava na penumbra azulada que precede os dias curtos de inverno. O aquecedor zumbia baixo, espalhando um calor constante que não queimava, apenas abraçava.
Vestiu-se em silêncio, empilhou camadas de lã e algodão, e prendeu o cabelo num rabo de cavalo apressado. Ao sair, o ar frio cortou sua pele como uma lembrança nítida: ela estava viva. Ali. Inteira.
Emil a esperava na entrada da trilha, usando um gorro com o desenho de um polvo sorridente. Erik estava ao lado, coçando a barba com os dedos enluvados.
— Pronta pra cheirar peixe e escorregar em gelo velho? — disse Erik, com aquele sorriso de canto.
— Nunca estive tão preparada — respondeu ela, com uma ousadia discreta na voz.
Caminharam juntos por uma estrada lateral coberta de neve pisada. As casas iam rareando até que o fiorde se abriu diante deles, com o pequeno porto à margem. Era um espaço funcional: embarcações alinhadas, redes penduradas, barris, caixas de madeira e o cheiro salgad