Sofia
O portão de ferro se fechou atrás de mim com um estrondo que ecoou dentro do meu peito como se tivesse trancado o próprio ar que eu respirava.
Eu nunca pensei que o som de metal batendo pudesse parecer tão… definitivo.
A carcereira me empurrou pelo ombro.
— Anda, Gusmão. Bem-vinda ao seu novo lar.
Lar.
Ela só podia estar brincando.
O corredor era úmido, iluminado por lâmpadas que piscavam como se estivessem à beira da morte. O cheiro era uma mistura de suor, água sanitária, mofo e um fundo de algo podre que eu não quis identificar.
Cada passo que eu dava parecia me lembrar do meu fracasso.
Eu, Sofia, presa como uma criminosa comum.
Eu, que sempre soube manipular, controlar, seduzir… agora sendo empurrada como um saco de lixo humano.
Quando chegamos à cela, a carcereira destrancou a grade e apontou com a cabeça:
— Entra.
Entrei.
O primeiro impacto foi o cheiro.
Minha garganta ardeu.
O “quarto” era uma caixa cinza, paredes descascadas, manchas de infiltração como veias escuras esp