Rogério
A madrugada ainda cobria a cidade quando abri os olhos.
Ela dormia profundamente ao meu lado, os lençóis bagunçados moldando o corpo nu e delicado, ainda marcado pela intensidade da noite. Por um instante, apenas fiquei ali, observando-a em silêncio.
Tão serena… tão alheia ao turbilhão que deixara em mim.
Deslizei a ponta dos dedos pelo contorno do rosto dela, afastando uma mecha de cabelo. A pele ainda guardava o calor das minhas mãos, o perfume suave misturado ao nosso.
Sorri, mas o sorriso veio acompanhado de um leve peso no peito.
Havia sido imprudente. Deixei-me levar pelo momento, pelo desejo e quando percebi, já era tarde demais.
Transamos sem camisinha.
Suspirei fundo. Eu nunca cometia erros assim.
Mas aquela mulher tinha algo diferente, algo que me tirou do controle.
Levantei-me com cuidado, vesti a calça e fui até a escrivaninha.
Escrevi o bilhete com calma, escolhendo cada palavra como quem tenta aliviar a culpa e, ao mesmo tempo, preservar a lembrança.
> “Muito o