Guilherme
Era final de plantão. O hospital começava a esvaziar devagar, e o céu lá fora ganhava tons dourados. Enquanto arrumava algumas fichas na sala de apoio, vi Andréia sozinha perto da máquina de café. Os outros estavam rindo no corredor com Gustavo, animados para mais uma noite no Rau, o bar da esquina.
Ela, não.
Os ombros caídos, o olhar fixo na xícara, como quem estava ali mas também não estava. Aquilo me incomodou.
— Ei, me aproximei, com cuidado. — Tá tudo bem?
Ela sorriu sem mostrar os dentes, aquele sorriso que é só pra não assustar ninguém.
— Tô sim, só cansada.
— Cansada ou triste?
Ela olhou nos meus olhos por um segundo. E foi o suficiente pra eu saber que era a segunda opção.
— Vem almoçar comigo? Lá no Rau. A galera vai mais tarde, mas... agora só a gente. Sem pressão.
Ela hesitou, mas assentiu.
Minutos depois estávamos sentados em uma mesa do canto, longe do barulho. O garçom trouxe dois pratos do dia e uma cerveja pequena.
— Obrigada por me chamar ela disse. — Às ve