Guilherme
O carro seguia pela estrada de terra até Sacutinga, e eu ficava olhando a paisagem, tentando encontrar algum sinal de paz naquele turbilhão que não me largava. Depois de tudo que aconteceu em Nova York, de ver a Estela tão diferente, tão distante... não sabia se conseguia voltar a ser o homem que fui.
Quando avistei a casa no alto da colina, senti o coração apertar. Era meu lar, mas há tempos não me sentia em casa de verdade.
Assim que entrei, vi meu pai na varanda, os olhos carregados de expectativa e preocupação.
— Você chegou, ele disse, levantando-se da cadeira de balanço.
— Cheguei, pai, respondi, tirando o casaco, sem coragem de olhar para ele nos olhos.
Ficamos em silêncio por um instante, aquele silêncio cheio de coisas que não sabíamos como d
izer.
— E a Estela? perguntou ele, quebrando o gelo.
Engoli em seco. Não era fácil falar dela.
— Ela está em Nova York, pai. Estuda na Universidade Columbia, uma bolsa de estudos... vai ficar quatro anos fora.
— Quatro anos lon