Guilherme
Som metálico dos passos ecoava pelo corredor quando cheguei à ala da ortopedia. O jaleco ainda estava com aquele amasso de armário, mas dentro de mim já havia uma tensão bem passada aquela mistura de ansiedade com adrenalina que só o centro cirúrgico trazia.
— Bom dia, doutor Guilherme, disse uma enfermeira sorridente, meio tímida. Sala de trauma já liberada pra sua avaliação.
Assenti com um gesto e segui o fluxo. O hospital ainda era novo pra mim, mas o cheiro de antisséptico e o ritmo frenético dos atendimentos eram como um velho conhecido. Me sentia, pela primeira vez em meses, no lugar certo.
Na sala de trauma, dois residentes e uma médica de plantão estavam debruçados sobre um caso.
— Lesão exposta de fêmur, com sangramento arterial intermitente, explicou um dos rapazes, suando em bicas. — Tentamos estabilizar, mas a perfusão ainda está comprometida.
A médica, uma loira de coque apertado e olhar duro, cruzou os braços ao me ver. — Quer tentar, doutor? Já tentamos duas a