Estela
Respirei fundo e afastei o rosto após aquele beijo forçado. Limpei a boca com o dorso da mão, sentindo mais raiva do que desejo.
— Acabou, Guilherme, disse, me levantando do sofá.
Ele se ergueu também, confuso.
— Estela, espera…
— Eu não vou dormir com você. Não assim. Não depois de tudo o que você fez.
Peguei minha bolsa, ajeitei o cabelo e encarei aquele peito nu e molhado que um dia me tirou o ar agora, não passava de memória.
— Fica bem, Guilherme. Mas me esquece. Volta pro Brasil e me deixa viver.
Ele abriu a boca para responder, mas eu já caminhava até a porta. Parei antes de sair, sem olhar para trás:
— Você me perdeu quando me tratou como segredo. Agora sou eu quem escolhe dizer adeus.
Saí do quarto com o coração batendo forte. Não por ele
. Mas por mim. Pela mulher que estou me tornando.
Na faculdade – hall de entrada, perto das mesinhas de madeira
O sol da tarde entrava pelas janelas altas, desenhando sombras quentes pelo chão. Me aproximei devagar e os encontrei ali: