Andréia
Na manhã seguinte, eu ainda sentia os resquícios da tensão da cirurgia. O corpo cansado pedia repouso, mas a mente estava leve. Henrique me recebeu com aquele sorriso largo quando cheguei em casa e correu para os meus braços, e eu pude finalmente descansar com a sensação de missão cumprida.
Não demorou muito para as notícias se espalharem. O hospital estava em festa, os jornais locais noticiavam o sucesso da operação da criança e, antes que eu pudesse assimilar, a direção me procurou com um pedido: dar uma entrevista para o jornal da cidade.
Meu estômago revirou. Só de imaginar câmeras apontadas para mim, meu nome estampado, aquela sensação antiga de medo voltou, queimando por dentro como uma cicatriz mal curada.
À noite, sentei na varanda com Gustavo. Ele percebia cada sombra que surgia em meus olhos.
— Não quero aparecer… confessei, abraçando os joelhos. — Não quero que vejam meu rosto, nem que falem meu nome.
Ele me olhou sério, depois pegou minha mão com delicadeza.
— And