Andréia
Rossandra Villani
O calor de Medellín grudava no meu uniforme escolar, e a mochila nas costas parecia cada vez mais pesada a cada passo que eu dava. Mas eu nem ligava. Tinha o coração leve naquela tarde. Tinha sonhado com meu futuro a manhã inteira. Eu queria ser médica, queria ajudar crianças, queria tirar meus pais daquela casa apertada e daquela vida sufocante.
E, naquele dia, Emilio caminhava ao meu lado.
— Eu... queria te dizer uma coisa, ele falou, olhando pro chão.
Senti minhas bochechas queimarem. Sempre que ele se aproximava, eu ficava assim. Boba, tímida, sem saber onde enfiar o rosto. Emilio era gentil, atencioso... e eu nunca tinha sequer beijado alguém.
— Eu gosto de você, Rossandra, ele sussurrou, e meu coração pareceu esquecer como bater.
Quando paramos na esquina da minha rua, ele se inclinou e, antes que eu pudesse reagir, encostou os lábios nos meus. Um selinho rápido, desajeitado... e que me fez corar até a alma.
Sem dizer uma palavra, virei as costas e cor