“Entre o silêncio dela e a resistência dele, já não há guerra — apenas rendição anunciada.” — A.D.
🖤
Luna Castilho
O som do amanhecer sempre foi meu consolo. Pássaros, vento leve atravessando as janelas, o estalar da madeira antiga da casa. É nesses detalhes que eu encontro segurança. E, naquela manhã, havia algo diferente nesse concerto de sons.
Os passos dele.
Lentos. Pesados.
Fernando não descansara. Eu sabia sem precisar perguntar. O silêncio do quarto ao lado foi inquieto a noite inteira. E quando ele desceu para o salão, a simples cadência dos passos denunciava: ele havia lutado contra algo — e perdido.
Sentei-me à mesa antes dele chegar. Gostava de estar ali primeiro. Era a minha forma de inverter um pouco do jogo que ele sempre tentava dominar.
Quando ele entrou, senti a mudança no ar. A gravata estava impecável, como sempre.
O cheiro de charuto e whisky impregnava sua pele. Mas a respiração… ah, a respiração não mentia. Era o som de um homem que passou horas tentand