“Ele ergue muros, tenta silenciar o coração, mas cada gesto dele me revela: Fernando já não pode fugir — e eu sou a fissura que o fará ceder.” — Luna Castilho
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Ele pensa que engana. Mas eu sinto. Fernando acredita que pode erguer muros entre nós, esconder-se atrás de silêncios e frases curtas, mas o corpo dele me denuncia. A respiração muda quando estou perto. Os gestos perdem o ritmo. E o silêncio, em vez de distância, pesa como proximidade sufocante.
Ele me observa quando imagina que não percebo. E talvez não saiba que eu o noto ainda mais do que aqueles que enxergam.
Eu sinto. Pelos sons, pela vibração no ar, pela tensão que escorre dele como veneno prestes a escapar.
Fernando tenta me afastar. Mas é tarde demais. Ele já se expôs.
Durante o café, arrisquei um sorriso. Pequeno, inocente para qualquer olhar descuidado. Mas não para ele. E não para mim.
Eu ouvi a pausa da respiração. O atrito dos dedos dele contra o vidro da taça. O controle fugindo — mesmo que por segundos.