“Entre o medo dele e a minha coragem, o beijo se tornou o campo de batalha onde nenhum de nós saiu ileso.” — Luna Castilho
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A madrugada parecia não ter fim. O tempo corria lento, arrastado, como se o próprio relógio da mansão estivesse preso na mesma espera sufocante que me consumia. Fernando não falava, mas estava ali, do outro lado da cama, imóvel, e mesmo assim eu sentia seu corpo inquieto.
A respiração dele denunciava o conflito. Não era o suspiro profundo de quem repousa em paz, tampouco o ritmo constante de quem dorme. Era irregular, carregado de tensão. Eu sabia que seus olhos estavam abertos, fixos no teto ou perdidos em sombras que só ele podia ver.
Eu, porém, enxergava de outra forma.
Cada vez que o colchão afundava levemente, eu percebia o peso de seu corpo mudando de posição, como se ele tentasse fugir de algo que o perseguia dentro de si. O silêncio não era vazio; era cortado pela guerra invisível que ele travava.
— Você não dorme. — murmurei, com a voz baixa, quase um