O Confronto de Daniel

Lívia sentiu o chão tremer sob seus pés, não por um tremor da terra, mas pela intensidade da disputa que se desenrolava à sua frente. As palavras dela, embora carregadas de genuína confusão, pareciam ter acalmado temporariamente a tempestade entre os dois lobos. A bibliotecária, a Sra. Thompson, olhou para os três com uma expressão de surpresa, mas felizmente, a sua audição era limitada, e ela pensou que os dois homens eram apenas clientes rudes a discutirem sobre um livro.

Kael e Silas, então, se afastaram. Os dois lobos, que se comportavam de forma tão selvagem na clareira, estavam agora a comportar-se de uma forma mais humana, mas a tensão entre eles ainda era palpável. Eles pareciam saber que a biblioteca não era o lugar para resolver a sua disputa.

"Eu te explico mais tarde," Kael sussurrou, e seus olhos fixaram os dela, uma promessa silenciosa de que ele não a deixaria em paz. "Eu não vou desistir de você."

Silas, por sua vez, apenas assentiu. "O destino nos une, Lívia. E eu vou provar a você que a nossa conexão é mais forte do que a arrogância de qualquer alfa."

Antes que Lívia pudesse responder, os dois se viraram e saíram da biblioteca, deixando-a com mais perguntas do que respostas. Ela olhou para a porta, e suspirou, sentindo-se esmagada pelo peso de tudo o que tinha acontecido.

Foi então que ela viu Daniel. Ele estava de pé, à porta, com os olhos azuis arregalados de surpresa e, o que a assustou mais, de raiva. Ele havia chegado em um momento inoportuno, e a havia visto a conversar com os dois homens. Lívia sabia que ele não se importava com quem eram, mas sim com o facto de ela estar a conversar com eles. Ele tinha um olhar possessivo, e ela sentiu a raiva dele a crescer.

"Quem eram aqueles homens, Lívia?" ele perguntou, com a voz baixa, mas perigosa. "O que eles queriam com você?"

Lívia, que ainda estava em choque, gaguejou: "Daniel... eu... eles... eu estava a ajudá-los a encontrar um livro. Eles são turistas."

Daniel não acreditou nela. Ele se aproximou, e o cheiro do seu perfume se misturou com o cheiro dos livros antigos, e o cheiro de pinho e terra, que ela sentia sempre que estava perto dos lobos. "Turistas? Lívia, eu sei que você está a mentir. Eu os vi a falar com você de forma muito... íntima."

"Não é o que você pensa!" ela exclamou. "Eu não sei o que eles queriam. Eles me abordaram e..."

"E você, é claro, foi gentil com eles, não foi?" ele a interrompeu. "É sempre a mesma coisa com você, Lívia. Você é ingénua. E eu não quero que você se envolva com esse tipo de pessoa."

O comentário dele a feriu. Ela não era ingénua. Ela era aberta, e ele era o oposto. Ele era controlador e possessivo, e ela sentiu o abismo entre eles a crescer.

"Eles não são o que você pensa, Daniel," ela disse. "Você não os conhece."

"E nem você, Lívia! É por isso que eu quero que você vá para a cidade comigo. Longe de tudo isto! Longe de perigos, longe de homens que não são quem parecem ser!" ele gritou, e a Sra. Thompson olhou para eles, alarmada.

Lívia sabia que a sua vida humana estava prestes a chegar ao fim. Ela não podia mais viver uma mentira. Ela tinha que ser honesta com ele.

"Eu não posso ir, Daniel," ela disse. "Eu não posso. Eu... eu não sou a pessoa que você pensa que eu sou. E a floresta... ela me chama."

As palavras dela, tão cheias de honestidade, pareciam perfurá-lo. O seu rosto, antes cheio de raiva, agora estava cheio de desespero. "Lívia, por favor, não faça isso. Eu te amo! Não me abandone."

Ela olhou para ele, e sentiu uma pontada de tristeza. Ela o amava, mas não da mesma forma que ele a amava. E a sua alma, ela sabia, não pertencia a ele. A sua alma pertencia à floresta, e aos lobos que a habitavam.

"Eu sinto muito, Daniel," ela disse, e as lágrimas escorreram pelo seu rosto. "Eu não posso. A minha vida não é com você."

Aquelas palavras, tão simples e dolorosas, selaram o destino do seu relacionamento. Daniel a olhou, e o seu rosto se endureceu, cheio de ódio. Ele se virou e saiu da biblioteca, deixando-a sozinha com a sua dor.

Lívia sabia que a sua vida, a sua vida humana, havia acabado. E agora, ela tinha que enfrentar o seu novo destino, um destino que a esperava na floresta, com dois lobos, e uma lenda antiga.

O que a espera na floresta, agora que ela fez a sua escolha?

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