A Marca do Destino

A tensão na clareira era tão palpável que podia ser cortada com uma faca. Lívia, paralisada entre os dois lobisomens, sentia os corações de ambos lutando por sua atenção, por sua lealdade. O olhar de Kael era uma mistura de proteção e possessividade, uma chama feroz que dizia, sem palavras, que ela pertencia a ele. O olhar de Silas, por outro lado, era de dor e ressentimento, como se o destino tivesse zombado dele ao lhe mostrar o que ele havia perdido.

"Eu a reconheci," Kael repetiu, sua voz grave e poderosa. "A marca do nosso destino está nela. Não ouse se aproximar, Silas."

"A marca que você roubou de mim!" Silas retrucou, dando um passo à frente. Seus olhos cinzentos faiscaram com uma fúria contida. "A lua me chamou antes de você. Você me roubou, Kael! E agora, quer roubar a minha companheira?"

Lívia, finalmente encontrando a voz, deu um passo para trás, procurando espaço para respirar. "Parem, por favor. Eu não sou de ninguém! Eu nem sei o que está a acontecer." Ela olhou para os dois, seus olhos marejados de confusão. "Eu... eu tenho que ir para casa."

Kael, vendo o pânico nos olhos dela, deu um passo à frente, mas Silas foi mais rápido. Ele se aproximou de Lívia e estendeu a mão, mas não para tocá-la. Ele a estendeu, como se estivesse mostrando-lhe um caminho. "Venha comigo, Lívia. Eu posso te explicar tudo. A nossa história... o que a lua nos uniu."

Lívia, confusa, olhou para Kael. O alfa estava com a mandíbula travada, com os punhos cerrados. Era claro que ele não gostou da intervenção de Silas. "Não a ouça, Lívia," Kael disse, com um tom de urgência em sua voz. "Ele é um lobo solitário, um exilado. Ele não tem nada a lhe oferecer além de solidão. Eu posso te proteger. Eu sou o alfa do bando. Eu sou o seu destino."

Silas soltou uma risada amarga. "Destino? O destino nos separou, Kael. Você não pode protegê-la de mim, porque a lua nos escolheu. Nós somos almas gêmeas. Você é apenas um alfa arrogante."

A discussão dos dois estava a ficar cada vez mais intensa e Lívia estava cada vez mais assustada. Ela não conseguia entender como dois lobisomens, que pareciam estar a lutar por ela, podiam estar a falar de companheirismo e destino. Ela, uma simples humana, estava no meio de um conflito que parecia ter séculos de idade.

Silas, percebendo o medo dela, deu um passo para trás. "Eu não quero assustar você. Mas você tem que saber a verdade. O nosso destino começou há muito tempo. Antes de você conhecer esse... alfa."

Kael, por sua vez, aproveitou a hesitação de Silas para se aproximar de Lívia, e com uma suavidade inesperada, ele tocou o rosto dela, e uma onda de calor e uma sensação de segurança a invadiram. "Lívia, eu não sei o que ele te disse, mas eu posso te dar a minha palavra, a minha honra. Você é a minha companheira. Eu serei o seu protetor. O seu amor. O seu destino. Venha comigo. Deixe-me te mostrar o mundo que a lua criou para nós."

Ele estava a dizer a verdade? Lívia sentiu a honestidade em seus olhos. Mas, a dor no olhar de Silas também parecia verdadeira. O que significava tudo aquilo? Lívia estava completamente perdida.

Foi então que ela ouviu o som de uma voz conhecida chamando por ela na distância. "Lívia! Onde você está? Lívia!" Era Daniel. Lívia, que se havia esquecido completamente da sua vida humana, ficou em pânico. Se Daniel a visse ali, com dois homens estranhos no meio da floresta à noite, ele jamais a perdoaria.

"Eu tenho que ir," ela sussurrou, afastando-se do toque de Kael. "Ele está a minha procura. Por favor, eu preciso de ir."

Kael e Silas se entreolharam, e a raiva entre eles foi momentaneamente substituída por uma preocupação compartilhada. "Quem é ele?" Kael perguntou.

"Ele é meu... meu namorado," Lívia disse, sentindo-se envergonhada. "Ele não pode me ver aqui. Por favor, eu preciso ir."

Silas, com um olhar de resignação, assentiu. "Vá. Mas saiba que eu não vou desistir. Eu vou te procurar."

Kael, por outro lado, estava com o olhar fixo no local de onde vinha a voz de Daniel. "Não se preocupe, Lívia. Eu não vou deixar que ele chegue perto de você. Você é a minha companheira."

Lívia, sem esperar mais, virou-se e correu. Ela correu na direção da voz de Daniel, sem olhar para trás, sem saber o que estava a deixar para trás. Ela tinha a sensação de que tinha acabado de acordar de um sonho, mas o perfume de Kael ainda estava no ar, e o peso do olhar de Silas ainda estava nos seus ombros. Ela estava a regressar à sua vida humana, mas a sua alma, ela sabia, já não era a mesma.

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