ROSÁLIA DUARTE
O voo foi ocupado por planilhas no tablet e café solúvel ruim que a aeromoça servia com um sorriso de pena. Lauro Tamiso, ao meu lado, parecia prestes a ter um infarto a cada turbulência, não pelo medo de cair, mas pelo medo de a Receita Federal auditar o cliente antes de pousarmos.
Assim que o avião tocou o solo, não fomos para casa. Fomos direto para a empresa.
O prédio estava silencioso. O ar condicionado central estava desligado, deixando o ambiente com aquele cheiro de carpete velho e papelada acumulada.
Entrei na sala do Lauro arrastando minha mala de rodinhas. Deixei a mala ao lado da porta, tirei o blazer que eu tinha usado na viagem e arregacei as mangas da camisa.
— Ok, Sr. Tamiso — falei, prendendo o cabelo em um coque alto e desajeitado, usando uma caneta para firmá-lo já que eu tinha perdido o elástico em algum lugar. — Vamos dissecar esse cadáver. Onde está o servidor com os arquivos brutos?
Lauro, que já tinha afrouxado a gravata, apontou para