CELSO MIRANTES
Acordei com a sensação tátil de vazio.
Minha mão esquerda tateou o lençol ao meu lado, esperando encontrar a pele macia, quente e curva de Rosália. Em vez disso, encontrei tecido frio e amassado.
Abri os olhos, piscando contra a luz do sol que insistia em entrar no quarto.
— Rosália? — chamei, minha voz grossa de sono.
Silêncio.
Sentei na cama, sentindo uma dorzinha muscular agradável nos ombros.
O vestido verde não estava mais na cadeira. Os sapatos de salto alto tinham sumido. A mala de rodinhas que eu tinha visto no canto do quarto na noite anterior não estava lá.
Levantei-me, nu, e caminhei até o banheiro. Vazio. Nem sinal de escova de dentes, nem cheiro de perfume recente, apenas toalhas úmidas no chão.
Ela tinha ido embora.
Soltei um risinho incrédulo, passando a mão pelo cabelo bagunçado.
— Você só pode estar brincando comigo... — murmurei para o espelho.
Ela simplesmente saiu. Sem me acordar. Sem deixar um número de telefone anotado. Sem nem mesmo u