CRISTINA SANTIAGO
A travessa de lasanha deixada pelas empregadas parecia uma oferta de paz para a guerra que ocorria dentro do meu estômago. Um simples sanduíche não pode substituir um almoço completo.
O queijo gratinado e o cheiro de manjericão preencheram a cozinha quando destampei. Coloquei o prato no micro-ondas, e o zumbido mecânico foi uma pequena distração.
Ethan contornou a ilha da cozinha e abriu a adega. Ele escolheu um vinho tinto, um Château Margaux com um rótulo que eu sabia ser caríssimo, um que ele havia mencionado guardar para uma ocasião especial. Aparentemente, nossa "reconciliação" era motivo para comemorar, ou ele só estava com vontade de tomar aquele vinho. O som da rolha saindo da garrafa foi alto no silêncio da cozinha, e ele sorriu para mim, um sorriso genuíno que alcançou seus olhos.
— Taça? — ele perguntou.
— Sim, obrigada.
Ele serviu uma para mim e outra para si, e me entregou a taça com um toque deliberado de seus dedos nos meus. O calor foi inst