ETHAN PETTERSON
O sol da manhã invadiu o quarto com uma audácia que eu normalmente puniria com cortinas blackout automáticas, mas hoje eu deixei o sol entrar.
Acordei com o peso familiar e delicioso de um braço feminino sobre meu peito e uma perna entrelaçada na minha. Cristina dormia profundamente, o rosto amassado contra o meu ombro, o cabelo escuro espalhado como um leque de seda negra sobre o travesseiro branco.
Olhei para ela e, por um segundo, a imagem da "selvagem" da noite anterior sobrepôs-se à imagem angelical da mulher adormecida. Minha esposa era uma caixa de surpresas. Uma caixa perigosa, cheia de armadilhas, segredos e uma boca que sabia exatamente como me desarmar – figurativa e literalmente.
Mas se ela queria brincar de espiã, eu brincaria de marido perfeito. Eu a sufocaria com tanto afeto, com tanta "normalidade" e com uma vida tão fodidamente perfeita, que ela se sentiria uma criminosa só de pensar em abrir aquele Excel de novo.
Cristina se mexeu, resmungando algo in