Sendo traída por seu namorado Bradley Kingsley, um dos empresários mais sucedidos e ambiciosos de Nova York, seus pais não vêem outra alternativa senão mandar a filha mimada passar um tempo longe dos holofotes com a família Valença. Charlotte Reed só não imaginava que a viagem dos sonhos não era para Hollywood, mas para uma fazenda no interior de Minas Gerais, onde mora a tradicional família Valença. De salto agulha e mala de grife, ela chega ao que considera o “fim do mundo”, sem sinal de celular, com energia elétrica que vai e volta, e onde a palavra “glamour” é desconhecida. Dando adeus a vida de luxo, Charlotte se vê cada vez mais envolvida com o dia a dia rural…e com um dos filhos da família: um caipira bonito, másculo e sedutor. Ou pelo menos até ele abrir a boca e destruir todo o encanto com seu português enrolado e jeitão bruto demais para o gosto dela refinado. E olha que ele nem faz seu tipo de homem!
Leer másOIE, essa é minha primeira história aqui no site, espero que vocês gostem. Trouxe um pouco de comédia romântica para alegrar seu dia! 💖
____x____ Já não bastava ter uma conexão com quatro horas de espera, um vôo super demorado, dando total de doze horas, doze benditas horas numa viagem super cansativa, a hemorróida doendo, a enxaqueca persistindo... certo, tirando tudo aquilo e o enorme chifre na cabeça causada pela traição do ex- namorado, Charlotte iria sobreviver. Mas o pior de tudo era ter que comer no aeroporto, ela se limitou a água mineral sem gás e biscoito cream cracker de sal, ela quase chorou pois sempre foi acostumada demais com o luxo, mimada era seu sobrenome desde o berço. Mas seu pai garantiu que iria liberar todos os cartões de crédito, quando ela tomasse vergonha na cara e parasse de chorar por um marica que segundo Richard Reed, um homem capaz de trocar sua filhinha mimada por outra, ou melhor outro, nem se quer poderia ser chamado de homem, e claro que ela também teria que aprender a ser mais humilde. Com esse pensamento, Charlotte revirou os olhos irritada, ela era humilde pois uma vez ajudou um cachorro atravessar a rua , ela só não tinha culpa do pulguento ter sido atropelado logo em seguida. Suspirando longamente e deixando esse pensamentos de lado, a jovem girou o mapa de cabeça para baixo, e girou outra vez olhando o verso. — Não acredito que me perdi. — Bufou irritada, ao desligar o motor do carro no meio da estrada. O GPS com certeza mandou para o lugar errado. Ela observou o mapa em papel mais uma vez a sua frente e não entendeu em que maldito lugar estava que o GPS não funcionava. E só então, lembrou do aeroporto de Guarulhos , deveria ter ficado por lá, fingir que estava na casa do amigo de seu pai e depois regressar para Nova York, Richard nunca iria saber já que aquele aeroporto parecia uma cidade de tão enorme, a fez se perder três vezes apenas dentro do banheiro feminino. — Merda. Deveria ter ido conhecer o Egito, melhor aquele calor do inferno do que ficar perdida no meio do nada. — Quando um mungido se fez presente, Charlotte olhou para frente e viu várias vacas atravessando a rua, ela bufou irritada, pois só o que faltava, trânsito de animais! Um rapaz usando um macacão surrado jeans e camisa xadrez e chapéu de palha com uma vara na mão, espantava as vacas. Árvores, matos, estrada de terra e nada mais. Isso fez sua cabeça girar. — Vai, vai. — Ele disse em seguida ver que o mesmo não a viu, então buzina forte, fazendo o homem assustar assim como as vacas que ficaram desorientadas. O aeroporto de Beagá não era tão grande quanto ela imaginou, o problema foi arrumar um táxi para que deixasse ela no centro e de lá finalmente tirar seu carro da loja a qual havia ligado e comprado via telefone. Ela sempre sonhou em conhecer o Brasil, porém, nunca imaginou que fosse nessas circunstâncias. — Eiii? — Charlotte gritou colocando a cabeça para fora da janela, esse movimento fez ela bater a testa no automóvel. As vacas correm em círculos e o homem tenta acalma-las, ainda ignorando-a que até então massageia a testa dolorida. — Oh, oh, calma.— Quando finalmente ele consegue que todas atravessem em segurança, o desconhecido aproxima do carro com o rosto sujo de terra, fedendo a estrumo de vaca e apoia um dos braços no carro. — Tá perdida, moça?— Ela olha para os dentes dele meio tortos e claro, não devia ver um dentistas desde o dia que nasceu. — Estou procurando a casa do Anselmo Valença. — Ela sorriu sem graça vendo ele cospir uma gosma preta no chão antes de coçar a barriga e responder. — Uai, por acaso ele é o fio de dona Maria da Conceição que era casada com turrino peideiro, irmão do açougueiro que morava perto da cidade, vizinho da dona zefa? —Oi? — Ela ficou com cara de idiota, ainda olhando para ele. O mesmo olhou para a direção a frente e apontou. — Oh, tá venu essa direção aqui, onde o vento faz a curva?— Charlotte assentiu olhando para frente.— Siga reto, mais na frente vire a curva pra lá.— apontou para a direita.— depois vire a curva pra cá.—apontou para a esquerda.— Siga reto mais uma vez e vai ver na frente um grande curral com uma praca com nome Fazenda Valença. Charlotte não prestou muita atenção na informação não, olhava mais era a saliva preta que o homem cospia enquanto falava e as unhas sujas de terra apontadas na direção de Deus sabe lá onde. — Ah, ok. Obrigada. — Ele sorriu mostrando seus dentes tortos outra vez. — De nada moça. Océ é a da cidade grande é? — Sim. Sou Novaiorquina. — Ele riu claramente sem entender onde ficava aquilo. Zeca era filho caçula de sete irmãos mais velhos, ele tirou sujeira da unha com a ponta de um canivete que tirou do bolso da roupa, ela engoliu em seco se benzendo. Ela não conhece a pobreça, mas nunca pensou que em seus vinte e cinco anos de vida luxosa, iria estar no pior lugar do Brasil. Onde está as praias do Rio de Janeiro, samba e caipirinha? Suspirando totalmente derrotada, a jovem pegou os óculos de sol e colocou no rosto, o objeto ficou torto em sua cara cansada, e a cara é de quem tinha sido sequestrada por alienígenas rurais. Ela iria chegar na tal fazenda apenas o pó, mas não chegaria sem estilo. — Boa sorte, madame. — Ela liga o motor do carro e ele afasta do veículo, Charlotte não disse mais nada e pisou fundo querendo sair logo de toda terra e poeira, enquanto Zeca observa ela ir embora ele coça a bunda. — Ihhh, acho que dei a direção errada.— Ele riu cheirando a mão que antes coçou a bunda e em seguida fez uma careta, claramente precisava de um banho.— A madame vai cai direto na lama.Os últimos raios de sol banhavam a Fazenda Valença enquanto Charlotte colocava os dois bebês nos colos para a soneca da tarde. Bento, de bermuda e chinelo, tentava fazer silêncio, mas tropeçava em tudo pela varanda. — Xô silêncio nessa casa! — gritou Ritinha, passando com os três trigêmeos correndo atrás de uma pipa feita com folha de milho. — Dorme não, que depois não prega o olho de noite! Charlotte riu, ajeitando os cabelos já meio bagunçados pela rotina de mãe. — Se eu soubesse que ter dois filhos era tão puxado, teria ficado só com a Costelinha. Costelinha, a porquinha de estimação, estava sentada toda faceira num banquinho acolchoado com o nome bordado em rosa: “PRINCESA DO MILHARAL”. Zuleika vinha de longe, de vestido florido, com uma boneca reborn nos braços, falando com ela como se fosse neta de verdade. — Fala, vovó Zuleika ama! Vai querer papinha de abób
Zuleika agora usava óculos escuros dentro de casa, maquiagem digna de tapete vermelho e, claro, o bebê reborn no colo, vestido de gala.— Shhh, Gaelzinho tá dormindo. — ela dizia, balançando o boneco com delicadeza exagerada.Anselmo, sentado na varanda com uma espiga de milho na mão, olhava a cena com os olhos semicerrados.— Mulher... cê sabe que esse trem nem respira, né?— Cala a boca, Anselmo! Cê num entende o que é maternidade artística! Agora que fui reconhecida nacionalmente, preciso manter minha imagem de mãezona!— Imagem? Cê tá é precisando de um chacoalhão de verdade. Isso aí é plástico, Zuleika! PLÁ-STI-CO!Zuleika, ofendida, se levantou com o reborn no colo, como se fosse entregar o Oscar, de melhor bebê reborn do ano!— Vou te processar por difamação. Você não respeita minha arte!Anselmo coçou a cabeça e murmurou.— A fama subiu pra cabeça, ma
A fazenda amanheceu em festa. Balões azuis, amarelos e vermelhos decoravam o quintal, e a música da Galinha Pintadinha tocava em looping infinito, fazendo até o galo Tonhão se sentir ofendido.Charlotte usava um vestido azul com pintinhas brancas combinando com o tema. Liz e Theo estavam vestidos de Galinha e Galo — tão fofos que causavam gritinhos até na vaca mais bruta da fazenda.Savanna organizava os presentes, Ritinha mantinha os trigêmeos longe do bolo, e Bento… bom, Bento tentava montar um pula-pula inflável enquanto discutia com Zeca sobre onde se ligava aquilo.— Oce que é engenheiro de plantação, me ajuda aqui, uai!— Isso aqui num tem nada a ver com enxada, Bento!Zuleika apareceu triunfante, com um bebê reborn nos braços, todo vestido de príncipe.— Esse aqui é o neto que me obedece! Não chora, não caga e ainda deixa eu tirar foto. — todo mundo olhou como se ela tivesse criado duas cabeça
O dia amanheceu com cheiro de café, pão de queijo e expectativa. Zuleika já tava vestida de branco, com um terço na mão e os olhos marejados, pronta pra batizar os netos como se fossem santos canonizados.— Vai ser o maior evento religioso da roça! Já preparei até os potinhos de lembrança com alfazema e broa de fubá!— Vai ser o maior escândalo. — respondeu Beth, ajeitando o chapéu de palha coberto de lantejoulas. — Concordo! — resmungou Vivienne. — Mas já estou acostumada.Na capelinha improvisada no meio da fazenda, o padre Flaviano, que tinha mais idade que paciência, tropeçava em cada degrau, misturava as falas e suava mais que chaleira fervendo.— Queremos padrinhos de respeito. — disse Charlotte antes da cerimônia.— E de confiança. — completou Bento, todo arrumadinho com um terno que não combinava com o calor de 40 graus.Savanna foi escolhida como madrinha da menina, e Zeca com
O sol começava a nascer em Beagá, tingindo de dourado as cortinas brancas do quarto do hospital. Bento acordou devagar, ainda grogue, os olhos piscando confusos.— Ué... onde eu tô? Foi tudo um sonho? — ele até se espreguiçou.Então, ele viu Charlotte, sentada na poltrona, segurando dois pacotinhos de amor nos braços: um enrolado numa mantinha azul, outro numa mantinha rosa. A expressão dela era de exaustão, mas também de pura felicidade.— Olha quem acordou... o pai desmaiado mais charmoso do Brasil. — disse Charlotte com um sorrisinho irônico.Bento piscou várias vezes, depois sorriu tão largo que quase caiu da maca de novo.— São... são nossos? — perguntou emocionado, a voz falhando.Charlotte assentiu e estendeu um dos bebês pra ele. Bento pegou o filho como quem segura um pedaço do céu.— Meu Deus... tem cheiro de leite e de paz... e de amor, nosso amor megera.Charlotte riu, já conhecendo bem o marido que tinha.— E ainda tem outro esperando o colo do papai. — sussurrou ela, olh
O sol mal tinha nascido quando Charlotte soltou um grito que ecoou pela fazenda inteira.— AAAAAAAH! BENTO!Ele acordou num pulo, caindo da rede que tinha armado na varanda, desorientado arregalou os olhos.— O quê? Cadeia? Fogo? Cobra?Ela apareceu na porta do quarto com as mãos na barriga, se curvando pra frente.— A BOLSA ESTOUROU!A partir daí, foi como assistir um filme em câmera rápida e sem roteiro. Bento tropeçou nos próprios pés tentando calçar um chinelo, correu pra um lado, depois pro outro.— A mala! A mala da maternidade! Cadê a mala? — ele gritou pra Charlotte, Zuleika apareceu do nada com uma vassoura na mão.— Tá no armário da cozinha, junto com o saco de feijão.— O quê que a mala tá fazendo com o feijão, mainha?— Menos grito e mais pressa, rapaz! A menina tá quase parindo no tapete da sala!Charlotte urrava deses
Último capítulo