Início / Romance / O Caipira / Onde eu vim parar?
Onde eu vim parar?

Charlotte limpa os saltos quando entra na casa no tapete de pele de cordeiro, olhou em volta do ambiente, não tinha lustre de cristal nem sofás felpudos caros de marcas, ela engoliu em seco olhando o piso de madeira.

— Obrigada, por me receber...— Ela sorriu sem graça. — Aqui nesse....casebre?— coçou a garganta, Zuleika sempre sorrindo a abraça apertado, e Charlotte sentiu o cheiro de lavanda e sabonete de coco vindo da mulher.

— Não se preocupe seu pai nos ligou. Preparei o melhor quarto.

— Obrigada. Suíte master, suponho.— Ela segue a dona da casa que vai subindo as escadas, o piso de madeira rangendo, e abre uma porta que dá acesso ao quarto, cama de madeira de solteiro, um pequeno guarda roupa, um tapete simples. E uma bacia grande com água para banho.  Ao lado da cama, uma janela de frente para a cama com cortinas.

— A- a- aqui é onde vou ficar ?

— Sim, não é lindo? Tem água fria para o banho.

— Água fria? Não tem chuveiro quente?

— Mal temos eletricidade, gracinha. — Charlotte ouvindo isso, sentiu um tique nervoso no olho esquerdo. Olhou em volta e assentiu nervosa, deixando um sorriso forçado escapar.

— Charlotte, por favor me chamem de Charlotte.

— Meu docinho de mel.— Anselmo entrou no quarto sorrindo para as duas.— vai prepara o porco assado pra convidada.

— E fígado com jiló. — Zuleika completou feliz e o casal saiu do quarto. Boquiaberta Charlotte olhou em volta uma outra vez.

— Oh Deus! 

 Aproximando da janela, ela fez uma careta quando empurrou o tecido fino para o lado. Observando a vista da fazenda onde ver Bento sexy tirando leite de vaca, os braços fortes manobrando aquelas tetas que fez ela sentir um calor, seu cabelo caindo desajeitado e sujo sobre os ombros, ela se irritou por achar aquele homem bonito demais, mas de repente lembra que ele é um ogro com as mulheres e sua face vira uma carranca, ela fecha a janela com força fazendo o vidro trincar. Ouvindo o barulho ele olha para cima a janela que estava com o vidro embaçado fechado e as cortinas também, mas não viu ninguém e encolheu os ombros.

Horas depois, pouco mais das cinco da tarde Charlotte escuta batidas na porta e suspirou cansada, só queria dormir e acordar daquele pesadelo, caminhando de pantufas de ursinho ela abriu a porta vendo Tales diante de si.

Ele sorriu e ela jurou ver um dente podre ali, seus traços marcantes no rosto bronzeado pelo sol só deixou ele mais másculo.

— Oi moça, o rango tá na mesa.— Ela arqueou as sobrancelhas sem entender.— bora rangar.— Ela processou devagar aquilo em sua mente.

— Pode falar o português, por favor. Eu estou no Brasil, não na Grécia pra falar grego comigo.— Pediu fazendo uma careta, como se visse a coisa mais bizarra da face da terra.

Talvez ela seja meio surda. Tales pensou, então ele abriu a boca fazendo sinais com as mãos.

— Eu.Disse.Que.Nós.Vai.Rangar. Encher a pança. — Tales alisa a barriga sorrindo como se fosse um gorila. Ela assentiu demorando a decifrar a frase.— Tira a barriga da miséria.

— Esse vocabulário de vocês não tava no curso de português.— Charlotte pensou um pouco tirando a calcinha do rego.— Está na hora de jantar?— Ele pareceu confuso mas assentiu.

— É isso aí que océs da cidade grande falam.

Ele saiu apressado sentido a barriga roncar mais alto. Charlotte o seguiu em silêncio, apenas ouvindo a conversa abaixo e o ranger da madeira enquanto desce os degraus.

Na cozinha ver todos na mesa Zuleika servindo canja de galinha para Anselmo, Bento devorando uma perna bem gorda de porco como se não comesse à dias e Tales comendo como se não existisse amanhã.

— Condo é hora de comer nós come.— Disse Bento a olhando e apontando para a cadeira a frente.— Se ajeita aí mulher.

— Tenho nome.— Resmungou. Bufando e sentou.

— Dondoca, mimada ou víbora?— Ele a olhou a boca suja de gordura, então ela viu o cachorro lambendo o prato que Bento come, a pequena porca na perna dele, dormindo tranquila.

— Você come com um porco e um cachorro na mesa? — Fez uma careta, pois é, inacreditável não é? Ela vai surtar.

— Olha o respeito. Ele se chama geronimo.— aponta para o cachorro. E então olhou para o porco.—  E essa é minha bebê, jurubeba.

— Oh Deus.— Ela revira os olhos visivelmente com nojo. Dona Zuleika sorrindo serve canja a ela.— Obrigada.

— Entonce quando océ vai na casa do compadre, Zé?— Dona Zuleika disse olhando o marido, Seu Anselmo tira o miolo do pão usando como guardanapo para limpar a boca, em seguida comeu.

— Amanhã depois que o sol esfriar.

— Vou infartar. — Charlotte gemeu ouvindo o falatório de todos.

— Boca de gamela.— Disse Bento ela olhou pra ele irritada.

— Desculpa, do que me chamou?

— Océ é surda, muier? Não para de se lamentar um segundo, bebeu água de chocalho foi?

— Seu escroto, tenha modos para falar com uma dama.

 Ele rir com sarcasmo.

— Meu fio modos na mesa. — Dona Zuleika diz, ele suspirou e come em silêncio enquanto acaricia a cabeça do cachorro pulguento, Charlotte começa a comer a sopa.

— Entonce moça comu compadre Richard tá?

— Feliz por ter me mandado para o fim do mundo. Mas obrigada por perguntar.

— Océs na cidade grande sempre fala assim?

— Assim como, Tales?

— Erradu, povo estranho.

— Deixa a mimada comer seu rabugento. — Bento resmungou tomando um gole de café, numa xícara que era quase do tamanho da cabeça do cavalo.

— Eu acho que vou dormir. Estou muito cansada. Boa noite.— levantou depois de ouvir inúmeros boa noite, dorme com nossa senhora da roça e entre outras coisas que ela não decifrou.

— Vou deitar nos braços de morfeu.— Bento levantou segurando o porco nos braços. Charlotte sobe as escadas as pressas. Bento se espreguiça arrotando alto e ela escuta do andar de cima e bufa.

— Porco.

Entra no quarto e senta na cama. Pega o celular e ver que o sinal está ruim. Ela choraminga baixo.

— Vou dormi e talvez eu acorde desse pesadelo.

Continue lendo este livro gratuitamente
Digitalize o código para baixar o App
Explore e leia boas novelas gratuitamente
Acesso gratuito a um vasto número de boas novelas no aplicativo BueNovela. Baixe os livros que você gosta e leia em qualquer lugar e a qualquer hora.
Leia livros gratuitamente no aplicativo
Digitalize o código para ler no App