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Megera Descolorida

Era as cinco da manhã.

E Charlotte estava como? Isso mesmo! Descabelada, com olheiras e alergia na cara, talvez fosse a poeira. E o galo cantava sem cessar, o sol mal havia saído para dizer olá a ela e queimar seus olhos e já havia vozes por todos os lados, panelas caindo, cachorro latindo, gato miando e risadas fortes.

Que família em sã consciência levanta às cinco da manhã em pleno sábado?

Ela queria dormir até meio dia, tinha empregada e dinheiro para não perturbar ela a não ser quando fosse para o banho de água quente com rosas.

Água quente... Ela choramingou quando olhou para a enorme bacia de frente para a cama. Parece que depois que chegou na fazenda, o espírito de porca baixou nela, tirou meleca do nariz, bocejou e tirou as remelas dos olhos, então ouviu fortes batidas na porta. Coçou a bunda e levantou murmurando.

As paredes tremeram pela força do brutamontes do outro lado e Charlotte calçou as pantufas da Hello Kitty, ajeitou a camisola de seda e tirou a calcinha do rego.

— Quem b**e?

Abriu a porta e viu Bento, todo trabalhado na masculinidade que Deus deu, cabelo num rabo de cavalo,camisa xadrez e calça surrada jeans, tão bruto e sexy que ela quase babou.

— Levanta mulher. O sol já brotou. Hora de cumer. — O desencanto passou, ela bufou e bateu a porta na cara dele.— Maleducada!!!— Ele grita e abre a porta bruscamente justo na hora que ela tirou a camisola.

— AAAHHH, seu tarado!!!!— Gritou cobrindo os seios com a camisola em frente ao corpo, para esconder suas gordurinhas localizadas e suas estrias.

— AAAHHH, mulher veste uma roupa!!!!— Ele gritou colocando o chapéu de palha na frente do rosto. Ela puxou o lençol fino da cama para cobrir melhor sua nudez.

— Sai daqui, sai,sai. Seu caipira idiotaaa.— Bento revira os olhos e sai do quarto batendo a porta fortemente.

Ofegante, Charlotte vestiu a roupa às pressas se atrapalhando no sutiã. Adeus banho, ninguém vai cheirar suas axilas pela manhã.

— Bom dia.— Ela resmunga, já entrando na cozinha marchando.

— Dormiu bem? — Dona Zuleika a olhou curiosa vendo o cabelo duro da jovem e os olhos com olheiras igual panda.— Você parece…

— Não dormir tão bem não, infelizmente algumas pessoas não têm educação pela manhã.— Charlotte lançou um olhar afiado para Bento. Ele soltou fogo pelas ventas.

— Nós levanta cedo pra tira leite de vaca. E ocê vem comigo.— Ele a puxa pelo braço.— Vou ensinar como mulher se comporta.

— Brutamontes e escroto.— Charlotte bufa sendo levada por ele para o curral onde está todas as vacas. Zuleika olha para os dois ao longe e sorri. Charlotte se atrapalhando nas próprias pernas e tropeçando no gramado, Bento a levando sem nenhuma delicadeza.

— Coloca essas botas. — Ele manda assim que a solta dentro do enorme curral.

— E se eu não quiser? — Cruzou os braços fazendo birra.

— Océ vai sujar esses sapatos caros de bosta de vaca.

— Que nojo. — Ela coloca as botas que vão até os joelhos maior que seu pé e fede a chulé. Ela olha as vacas, e Bento senta no banquinho posicionando perto da vaca branca com manchas marrons e pega nas tetas do animal com o pequeno balde embaixo.

— Veja como ago e aprenda.— Disse e começou a tirar leite da vaca.

— muuuuuuuh.

Charlotte sentiu um tique nervoso no olho, engoliu em seco engasgando com um pelo de fim de cu na garganta.

Só Deus sabe como aquele pelo foi parar dentro de sua boca.

— Vem, se chegue.

— O que?

— Senta aqui e tira leite da vaca.

— Não sei como faz. — Ela senta e segura nas tetas da vaca com as pontas dos dedos. Ele bufa.

— Assim mulher. — Bento fica atrás dela e segura nas mãos da jovem e aperta, e o leite sai e ela grita.

— Meu Deus!!! Eu tô tirando leite de vaca.

— É assim mermo.— Charlotte sente a barba dele roçar em seu pescoço nu, e ri.— Que foi,uai?

— Cócegas. Sua barba faz cócegas.— Ouvindo isso, ele bufou e se afasta rapidamente.

— Assim que se tira leite de vaca, mulher. Agora océ já sabe.

Ela levanta e assentiu ele constrangido olha para os lados e se afasta.

Ela faz o mesmo indo em direção oposta olhando os cavalos.

Não era assim que Charlotte desejava ficar longe da cidade e melhor de Bradley depois da traição.

Mas parece que o mundo conspira contra ela e pra piorar o ruivo a traiu com um cara. Fora humilhada. Ao menos ele tivesse colocado chifre com outra mulher.

E Charlotte achando que quando ele disse que era gillette que cortava para dois lados ela não sabia que estava falando de sexualidade. E pensando que ele falava da gillette do barbeiro. Enfim, melhor corna que mal acompanhada.

Mas tudo bem Luca sempre foi um cara legal apesar de tímido e atrapalhado. Que Bradley e Luca fiquem presos nu como cachorro no cio e sejam pegos no flagra.

Esse pensamento fez ela pensar em macumba, qualquer dia vai matar uma galinha preta de Dona Zuleika.

— Já falei que fui traída? — O cavalo relinchou e ela assentiu. — Sim, meu noivo me trocou por um cara, isso mesmo que você ouviu o idiota é bicha.. — o cavalo balançou a cabeça mostrando os dentes e fazendo um som estranho como de uma risada. — Isso, ria da minha desgraça quatro patas. — bufou cruzando os braços. O cavalo relinchou.— Que inferno! Odeio esse lugar.— ela começa a anda enquanto o cavalo continua fazendo sons estranhos para ela. Charlotte caminha pela terra olhando os outros animais.— Que fedor. — tapou o nariz.— Mil vezes a cidade.— a bota atolou em algo macio e ela olhou para o chão vendo um tremendo morro de adubo, o cavalo fez um ótimo trabalho ali. — Maldição! Ainda bem que não tô com minhas botas caras.— puxou o pé vendo a sujeira para todo lado. — Acho que vou vomitar. Credo.— esfregou a bota no chão para limpar as fezes.

— Além de atrapalhada, conversa sozinha.— Disse a voz que faz seus pelos arrepiarem e ela rosnou irritada.

— Me ajuda, imbecil.

Bento cruza os enormes braços sobre o peito largo e sorriu debochado.

— Não. Aprenda a se virar mulher. -- Charlotte foi para a frente numa tentativa de avançar nele. E o outro pé também pisou nas fezes, ela desequilibrou e caiu de cara no chão.— inferno, mil vezes inferno.

Bento balançou a cabeça negativamente.

— Ocê é bem burrinha.— Ela agarrou as pernas dele.— me larga, sua megera descolorida. — Bento balançou a perna para frente e para trás, Charlotte não soltava.

— Isso se chama tinta para cabelo, seu escroto de merda!!!!

— Sai megera.— Ele tentou balançar as pernas com mais força para ela soltar. Charlotte agarrou mais firme.

Os cavalos começaram a relinchar mais alto, talvez rindo, talvez engasgando.

— Esse animais idiotas! — Ela fez uma careta para o cavalo mais próximo, em seguida mostrou a língua para os demais. A plateia relinchou mais alto, ela já estava a ponto de explodir de tão vermelho pelo ódio.

Bento rolou no chão com poeira de terra sujando suas roupas de esterco e fezes.

Empurrou Charlotte para longe a fim de levantar. Ela com a cara suja de terra o largou chorando com o nariz saindo um rio de meleca.

— Eu odeio esse lugar! Buahahahah

— Ocê diz isso desde que chegou. Volte pra cidade mulher. Aqui não é seu lugar. — Ele disse irritado levantando e arrumando a camisa toda suja.

Charlotte soluçou com a cara enterrada no esterco e fezes.

— Ta chorando?

— Sai daqui, ogro. — Ela fungou e sentiu terra entrar em seu nariz, tossiu, sentindo catarro na garganta. — Inferno.

— Vou te ajudar a levantar.

— Me deixa, praga.— Ele bufou revirando os olhos.

Quem entende as mulheres, principalmente as loucas?

— Fique aí então.— Bento começou a andar e Charlotte levantou a cabeça suja de terra enquanto ainda chora.

— Vai, vocês homens são todos iguais.- Ele parou e a olhou.

— Num sou homem de cidade. Sou da roça. E sou mais homem que qualquer um que ocê já esteve!

— Duvido. Nem sabe como agir com uma dama.— Ele olha para os lados o sol do meio dia queimando sua pele e voltou alguns passos para ficar dentro do curral dos cavalos.

— Não vejo nenhuma dama aqui, e sim uma megera de cabelo descolorida. — Ela fungou chorando mais alto, os cavalos a olharam com pena. Bento por um momento quase sentiu empatia pela mimada chorona.

— Ogro! — Ela sussurrou. Ele a levantou pelos ombros como se não pesasse nada.

— Vai limpa essa cara, tá parecendo uma jaca mole quando cai no chão.— Ela olhou confusa.— Ou melhor. Uma porca . Tem lugar com os outros porcos para ocê.— Ele riu quando ela rosnou mostrando os dentes. E deu um tapa nele, afastou do corpo enorme de Bento, tirou as botas sujas de fezes e começou a andar descalço.

— Ocê vai machucar esses pés de donzela. Tem muita terra e mato e talvez espinhos até a casa.

— Vá a merd*!

— Não diga que não avisei.— Ele sorriu debochado vendo Charlotte descabelada e suja de terra e fezes indo embora.

Bento coçou a cabeça e começou a limpar o chão.

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