A estrada de cascalho serpenteava entre campos dourados, levantando uma nuvem de poeira que dançava sob os pneus da caminhonete de Clara. O GPS do celular, antiquado e hesitante, quase não colaborava, mas ela insistia, teimosa, em encontrar o endereço da fazenda dos McCoy — uma das famílias mais antigas e faladas do condado. Segundo o doutor Enéas, também uma das mais teimosas.
Ao estacionar, Clara avistou o velho Elmer McCoy sentado na varanda, um pedaço de palha pendendo dos lábios finos como um cigarro imaginário, o chapéu de couro desgastado cobrindo metade do rosto enrugado pelo sol. Aos seus pés, um vira-lata cinzento de olhos atentos repousava, as orelhas erguidas ao menor ruído.
— Doutora Clara? — rosnou Elmer, sem mover um músculo além da boca. A voz saiu áspera, como se cada palavra fosse um esforço.
— Sim, senhor. Vim ver a vaca com mastite. Me disseram que a situação estava feia.
Elmer se levantou com a lentidão de quem carregava décadas nas costas. Seu olh