A noite está quieta demais.
Marta sente o silêncio como se fosse uma presença ao seu lado, espessa, insistente, quase sufocante. Deitada na cama ela encara o teto com os olhos bem abertos. A pequena lâmpada de cabeceira emite um brilho amarelado e tímido, que projeta sombras nas paredes como lembranças que se recusam a desaparecer.
Do lado da cama, repousa uma toalhinha bordada com o nome Lua. Ao lado dela, outra: Jeff. Os nomes escolhidos dos filhos que estão prestes a nascer. A única coisa que ela pode fazer sozinha nesse momento: sonhar com os filhos.
Ela passa a mão pela barriga, como quem tenta se assegurar de que está mesmo ali. Que é real. Que algo dentro dela floresce, apesar de tudo.
Mas não é a gravidez que a mantém acordada. É ele.
Jonathan.
O nome ecoa no silêncio como uma batida de tambor abafada. Há noites em que ela consegue ignorar. Outras, como hoje, ele invade os pensamentos com força.
Hoje, ele apareceu em um sonho.
Não com fúria. Não com aquele olhar enciumado. Mas