O som da buzina curta rompe a tranquilidade da tarde, cortando o ar parado como um sinal de boas novas. No terreiro seco e bem varrido do sítio, a poeira se ergue levemente quando a caminhonete estaciona sob a sombra esparsa de um ipê frondoso. As flores, já escassas pela estação, caem em silêncio como se preparassem o cenário para algo que vai além do comum.
Darlene salta do carro com uma energia que beira o exagero, os braços abarrotados de sacolas coloridas, como quem retorna de uma expedição vitoriosa. Os olhos dela brilham, carregando um entusiasmo quase infantil. Marta, que estava sentada na cadeira de balanço da varanda, com os pés levemente elevados e as mãos pousadas sobre a barriga já bastante saliente, ergue-se com dificuldade. Ela sorri ao ver a amiga, abre os braços e a envolve num abraço caloroso, como se abraçasse um pedaço do passado que insiste em permanecer.
— Você não resistiu, não é? — provoca Marta, arqueando a sobrancelha.
— Nem por um segundo! — Darlene ri alto,