O silêncio do quarto é quebrado apenas pelo som ritmado da respiração suave de um bebê que dorme no colo da mãe. Mas não é um silêncio qualquer, é um tipo raro, quase sagrado. Um silêncio que pulsa, que pesa, que se enche de significado. Ali, dentro daquele quarto de hospital, o tempo parece parar. Não há guerra, não há busca, não há dor, só uma bolha onde cabem apenas três corações: Marta, Jonathan e a pequena Lua.
Eles estão ali, como se o mundo inteiro tivesse ficado do lado de fora da porta. Jonathan acaricia os cabelos de Marta com uma delicadeza que parece incompatível com os punhos cerrados com que enfrentou o mundo dias antes. Marta repousa a cabeça no peito dele, os olhos cansados, mas finalmente serenos. E no centro daquele instante mágico, Lua, aninhada entre os dois, cresce. Vive. Resiste.
A porta se abre com um leve rangido e a neonatologista entra, sorrindo com os olhos. Seus passos são suaves, como se reconhecessem o sagrado do momento.
— Vamos ver essa princesinha — di