O cansaço pesa nos ombros de Eduardo como se o dia inteiro tivesse sido travado contra um exército invisível. Ele entra em casa com passos lentos, o terno amarrotado, a expressão dura de quem tenta calar as vozes internas. Não acende todas as luzes. A penumbra parece combinar com o que sente. Sem dizer uma palavra, segue para o banheiro, deixando pelo caminho as peças de roupa como se pudesse se livrar, junto com elas, dos pensamentos que insiste em esconder.
A água quente cai sobre o seu corpo como um abraço que não se sustenta. Fecha os olhos. E ela vem.
Darlene.
O cheiro da pele dela, o sorriso atrevido, as mãos escorregando na água, os banhos que não terminavam em limpeza... mas em desejo. A memória o atravessa como faca. Ele fecha os punhos, irritado com a própria mente.
— Chega — resmunga, desligando o chuveiro com um movimento seco.
Seca o corpo com pressa, sem se olhar no espelho. Veste um short qualquer e se joga na cama, tentando espantar o passado. Mas o erro mora no gest