O céu amanhece com um tom cinzento que parece refletir exatamente o que Eduardo sente por dentro. Um peso antigo, profundo, que não dá trégua. Ele acorda mais cedo do que o habitual, como se algo o puxasse para fora da cama. Não há música, não há pressa, só o som abafado dos próprios passos pela casa silenciosa, agora vazia. Mariana já não está ali. E Eduardo sabe que o dia de hoje é necessário. Inadiável.
Ele caminha até a cozinha como se estivesse em transe. Liga a cafeteira e observa o líquido escuro descer lentamente, enquanto sua mente é invadida por lembranças. Lembra da última vez em que ele e Mariana tomaram café juntos ali. Ela falava sem parar, da fazenda, do cheiro da terra molhada, imaginando como seria o lugar. E eles riam, assistiam filme, viveram. Agora, tudo mudou. Ela está prestes a viver a própria vida, a se entregar, a amar de verdade.
Eduardo fecha os olhos e respira fundo. Toma um gole do café, deixa o gosto amargo descer pela garganta como se fosse um remédio. Pe