O céu, naquele início de manhã, se rasga num tom de ouro líquido. O sol surge com uma força quase simbólica, como se até o universo soubesse que algo importante está prestes a acontecer. Os raios invadem os vitrais altos da mansão Schneider como mensageiros silenciosos, iluminando os corredores frios com uma luz quente, quase sagrada. Há algo no ar. Algo que não se pode explicar com palavras, apenas sentir. Como um presságio. Como um recomeço.
No quarto principal, a imagem é de um amor sereno e poderoso. A pequena Lua dorme entre os pais, com um sorriso que parece vir de outro mundo, um sorriso de anjo. Marta observa a filha com olhos marejados, passando os dedos delicadamente pelos cabelos ainda ralos da bebê. Seus traços são suaves, mas firmes, como os de alguém que sofreu e venceu. Ela inspira fundo, absorvendo aquele momento com toda a alma.
Ao seu lado, Jonathan resmunga com preguiça, os olhos ainda fechados, os braços cruzados atrás da cabeça:
— Não quero sair hoje. Quero ficar