A noite cai sobre São Paulo como um véu pesado, abafando os ruídos da cidade e revelando, no escuro, dores que a luz não deixa transparecer. Eduardo desce os últimos degraus da casa de Jonathan com os passos firmes, mas o peso em seus ombros não é da arma na cintura ou do cansaço no corpo, é do vazio no peito.
O portão automático se fecha atrás dele com um som metálico e lento, que parece gritar aquilo que ele mais tenta esconder, ele está sozinho.
Ele se acomoda ao volante do seu carro, com os músculos ainda tensos. O trabalho como guarda costas lhe exige atenção constante, mas, naquele dia, como nos últimos, esteve mais envolvido do que gostaria de admitir.
Marta é uma mulher forte, mas quebrada, e Lua... Lua é um raio de luz que desarma qualquer defesa. A menina sorri para ele como se o conhecesse com a alma, como se fosse parte dele e, de certo modo, é. Porque nesses dias junto a elas, Eduardo sente algo que não sabe nomear. Algo que vai além do profissionalismo. Que arranha o seu