Campos do Jordão…
A noite cai espessa sobre as montanhas, como se o mundo inteiro decidisse vestir luto.
Dentro do chalé, a lareira ainda crepita, mas seu calor é inútil, um fingimento de conforto num lugar onde tudo já morreu. Jonathan está ali. A sombra do homem que costumava ser.
Do lado de fora, a neblina densa envolve as montanhas como um abraço sufocante. O clima perfeito para quem quer desaparecer. Para quem quer esquecer que acabou de destruir tudo.
Ele passou o dia trancado ali. Nenhuma ligação. Nenhuma mensagem. Nada. Só ele, o silêncio e os fantasmas que agora fazem morada dentro de si.
Na cabeça, a imagem dela. Marta. O jeito como ela puxava a coberta quando sentia frio. O sorriso torto ao se levantar ainda sonolenta. A forma como dizia "bom dia" como se o mundo todo coubesse em duas palavras ditas com amor.
Sentado numa poltrona larga de couro, as pernas abertas, os cotovelos apoiados nos joelhos, ele segura um copo vazio como se fosse um escudo contra o inferno que queim