O silêncio entre dois tiros pode parecer eterno, mas há silêncios mais cruéis, como o que se instala no peito de Eduardo enquanto caminha para fora da casa dos Maias, deixando Jonathan para trás com um aceno quase imperceptível. Seus passos são firmes, mas o coração tropeça. Por fora, é o mesmo homem centrado, calejado, pronto para qualquer missão. Por dentro, é um campo minado. Algo queimar no estômago, um nó que sobe até a garganta. Ele não entende direito o porquê, e isso o irrita. Sempre soube seguir em frente. Mas dessa vez... tem algo diferente.
Jonathan o observa partir pela janela. Estreita os olhos. Sabe ler sinais. E o brilho diferente no olhar do amigo o entrega. Eduardo está sentindo. E não é apenas culpa ou preocupação. Jonathan vê ali algo mais humano, mais raro em Eduardo do que em qualquer outro homem de seu convívio: afeto genuíno. Ele sorri de canto e volta ao que estava fazendo.
Eduardo vai descobrir sozinho. E não vai ser fácil.
No caminho para a fazenda, a noite