O silêncio de Miguel Maia diz tudo antes mesmo que Marta abra a boca. Quando ela se aproxima, o irmão fecha os olhos com força, como quem tenta conter o inevitável. Ele não precisa ouvir. Ele sente. No cheiro da manhã úmida, no som dos passos que conhece desde criança, no peso quase invisível que recai sobre o ar entre eles. Marta vai embora.
Ela para diante dele. Miguel não diz nada. Abre os olhos devagar, o olhar cansado, mas lúcido, aceitando o que precisa ser aceito. Ele percebeu, antes de todos, o quanto a irmã está conectada a Jonathan de um jeito que não tem mais volta. Amor, saudade, dor, alívio. Ele vê tudo nos olhos dela. E entende.
Marta estende a mão.
Miguel a segura.
Eles caminham, como sempre fazem quando não há palavras, apenas sentimentos que não cabem no peito. O campo se estende verde ao redor, como se também observasse em silêncio. As folhas se agitam com a brisa leve, cúmplices de uma despedida ainda não dita. Andam lado a lado por longos minutos, até que os pés os