capítulo 99

📓 Narrado por Clara

Entrei no banheiro com o corpo em chamas não de desejo, mas daquela dor muda que o orgulho disfarça e o corpo denuncia.

Tranquei a porta. Encostei as costas frias na parede de azulejo e deixei o ar sair, pesado, trêmulo.

Só quando me vi sozinha no espelho, a verdade apareceu inteira.

O rosto ainda estava impecável maquiagem firme, expressão controlada.

Mas o braço…

O ponto onde ele segurou latejava.

A manga da blusa arrastou no tecido e doeu.

Do tipo de dor que não grita, mas consome.

Ergui o pano devagar.

O espelho devolveu o que eu já sabia, mas odiava ver: as bolhas pequenas, sensíveis, agora rompidas nas bordas.

A pele avermelhada, como se o toque dele tivesse acordado o que o remédio ainda não tinha apagado.

— Merda… — murmurei baixo, o som ecoando no azulejo.

Fui até minha bolsa, abri o zíper e peguei o pequeno estojo de remédios.

Tudo estava ali comprimidos, pomada, gaze, o ritual que ninguém nunca podia ver.

Girei a tampa
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