📓 Narrado por Miguel Satamini — Madrugada, no carro
O ar frio bateu no rosto, mas nem arranhou o fogo que ela tinha deixado dentro de mim.
Desci os últimos degraus do prédio com o sangue martelando nas têmporas.
A respiração vinha curta, quente, e cada passo era um insulto à porra do controle que eu achava que tinha.
Entrei no carro e bati a porta com força.
O som ecoou no peito, seco, irritado, quase um grito preso.
O volante gemeu entre meus dedos quando apertei com força.
> — Merda. — sibilei, socando o volante uma, duas, três vezes. — Merda, Clara!
A raiva subiu feito enxofre.
Raiva dela por me enfrentar.
Raiva de mim por ter deixado.
O reflexo no espelho mostrava um homem que não reconhecia olhos vermelhos, camisa amarrotada, respiração descompassada.
Um CEO perdendo a cabeça por uma mulher que não devia nem ter tocado.
> “Eu não sou mulher de esconderijo. Se você não pode me assumir, então não me tenha.”
A frase ecoava como sentença.
E quanto ma