**Narrado por Miguel Satamini**
A maçaneta gira. Sete horas e trinta minutos exatos. O som metálico é breve, mas carrega uma notificação: o tempo de avaliação começou. A areia do relógio se escoa, e a porta se abre.
Ela entra.
Primeiro, o cabelo. Ruivo, vibrante, indomado na medida certa para chamar a atenção sem pedir autorização. Um cabelo que não se encontra em salões de luxo. Em seguida, os olhos. Verdes. Claros e penetrantes. Olhos que encaram, que não desviam, que não pedem desculpas.
Eu não esperava isso. Não aquela foto discreta do currículo. A imagem não fazia justiça. Diante de mim estava uma mulher que não apenas ocupava espaço ela o reconfigurava ao entrar.
E, por um breve momento rápido demais para que qualquer mortal perceba, eu me permito reconhecer: ela é linda. Linda de uma maneira espontânea, sem filtros, sem poses artificiais. Uma beleza que não necessita de legenda.
Mas, para mim, beleza é um detalhe.
Beleza distrai.
Beleza enfraquece.
Eu não cheguei até aqui para