**Narrado por Miguel Satamini**
Ela continua fixando o olhar no calendário, como se estivesse marcando suas possibilidades. Deixo que faça isso; aprecio ver a mente dela funcionando. No entanto, chega um ponto em que não é suficiente apenas calcular a agenda. É necessário esclarecer em que terreno ela realmente está pisando.
Bato a caneta contra a mesa uma única vez. O som ressoa seco no ambiente. Ela levanta os olhos, um verde intenso se destacando contra o cinza do dia.
Inclino-me para frente, apoio os cotovelos na mesa e deixo minha voz fluir lenta, firme e pesada como uma sentença:
— Antes de proseguir, Clara, você precisa entender algo fundamental.
Ela mantém o olhar fixo em mim. Aproveito o silêncio para medir a situação e, então, continuo:
— A Satamini Corp é minha. Não se trata apenas do meu sobrenome na placa. Cada contrato, cada torre construída, cada risco que assumimos, tudo isso é de minha responsabilidade. A fachada de vidro que todos observam na Avenida Paulista? Não é