📓 Narrado por Miguel — Segunda-feira, 9h47 da manhã
Dois meses.
Sessenta dias, mil e poucos cafés, nenhuma notícia.
O nome dela sumiu da minha rotina, mas não da minha cabeça.
Clara.
Não teve e-mail, ligação, nem sinal.
A mesa dela ainda estava vazia, o computador desligado, e a cadeira… sempre virada de leve pra janela, como se ainda esperasse o vento bater no cabelo dela.
Tentei preencher o silêncio com trabalho, contratos, reuniões, relatórios mas nada calava o som que ficou.
O som dela indo embora.
Passei a mão no rosto e encostei na cadeira, tentando focar na tela.
O cursor piscava no meio de uma frase inacabada quando a porta se abriu.
— Com licença, doutor Satamini. — a voz da Marisa quebrou o silêncio com cuidado.
Olhei por cima dos papéis.
Ela segurava uma prancheta, o blazer alinhado, mas o olhar… hesitante.
— Pode falar, Marisa.
Ela deu um passo à frente.
— Já faz dois meses desde que a senhorita Clara pediu desligamento. — começou, firme, m