capítulo 121

📓 Narrado por Miguel Satamini

Saí da empresa antes do horário.

Não peguei pasta. Só o peso do que disse e o que ficou entalado.

O vento batia no vidro do carro e, pela primeira vez em meses, eu não queria o silêncio.

Mas nem música servia pra anestesiar aquilo.

O nome dela vinha junto com o barulho dos pneus no asfalto: Clara.

A cidade passava como borrão prédios, semáforos, gente com pressa.

E eu ali, preso dentro de mim, tentando entender quando foi que comecei a perder o controle que tanto me orgulhava de ter.

Quando percebi, já estava dobrando a esquina da rua dos meus pais.

Toquei a campainha.

Demorou só alguns segundos até ela abrir a porta.

Teresa Satamini.

Nem precisei dizer nada. O olhar dela fez o resto.

— Enfim, resolveu aparecer. — disse, apoiando uma das mãos na cintura. — Pensei que ia precisar fingir o próprio velório pra você lembrar que tem mãe.

— Boa tarde pra senhora também. — respondi, seco, mas com o canto da boca traindo um meio sorriso.

Ela bufou, mas o olhar
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