📓 Narrado por Clara — Quinta-feira, 08h17 da manhã
A claridade da manhã entrou cortando o quarto em faixas douradas, atravessando as frestas da cortina e acertando direto o travesseiro.
Abri os olhos devagar, com a cabeça ainda pesada da noite anterior.
Não dormi direito.
A verdade é que nem tentei.
Fiquei rolando na cama, o corpo inquieto, a mente atravessada pelo mesmo nome.
Miguel.
A forma como ele me olhou, como falou, como… pediu desculpas.
Mas desculpas não curam o que fere de dentro pra fora.
E a ferida que ele abriu ontem tinha endereço certo: o orgulho.
Levantei devagar, os pés tocando o chão frio.
Fui até o espelho.
As bolhas estavam menores, quase invisíveis sob a pele clara.
A pomada tinha feito efeito, mas o desconforto ainda estava lá aquele peso invisível, o tipo de dor que não dá pra mostrar.
Peguei o celular da cômoda, ainda hesitando.
A tela piscava com algumas mensagens novas, mas nenhuma dele.
Claro.
Miguel Satamini não pede desc