***Narrado por Clara***
O bar emanava um aroma agridoce, resultado da madeira encerada misturada ao álcool que havia sido derramado em seu chão, como se cada espaço daquele lugar já tivesse sido testemunha de histórias que ninguém se atrevia a compartilhar. As luzes âmbar se refletiam nos copos de vidro perfeitamente alinhados, criando uma atmosfera íntima e quase secreta.
Escolhi uma das cadeiras altas, ajeitando cuidadosamente a barra do meu vestido para que não subisse demais, tentando manter a compostura. Miguel permaneceu de pé por alguns instantes, observando o ambiente ao nosso redor, antes de finalmente fazer um gesto para chamar o barman.
— O que você vai beber? perguntou, olhando diretamente para mim.
Por uma fração de segundo, considerei recusar a oferta dele. Uma parte de mim queria afirmar que não precisava de nada, que estava ali apenas porque ele havia me convocado. Mas outra parte, aquela que se lembrava da voz encorajadora da minha mãe dizendo “você também precis