O olhar de Leonardo encontrou o de Daniel, e um flash de algo que Clarice não conseguiu decifrar — talvez surpresa, talvez diversão — passou pelos olhos do grafiteiro. Daniel, sempre com a guarda levantada, parecia por um instante desarborizado pela presença do estranho elegante.
— Montmartre, é? — Daniel resmungou, limpando a testa suja de tinta com a palma da mão, espalhando ainda mais a mancha azul. — Achei que estávamos no inferno da tinta derramada.
Clarice riu, pegando um rodo e alguns panos. — Inferno azul, pelo visto. Leonardo, este é o Daniel. Daniel, este é o Leonardo.
Leonardo estendeu a mão, um sorriso genuíno e divertido nos lábios. — Prazer em conhecê-lo, Daniel. Pelo visto, você é um homem de muitas cores.
Daniel apertou a mão de Leonardo com uma certa relutância, mas a firmeza do aperto de Leonardo pareceu dissipar parte da sua hesitação. — Prazer. E sim, prefiro deixar minha marca com cor. Diferente de alguns que preferem a tela em branco, não é Clarice?
Ele lançou um