O calor da presença mútua, Clarice entendeu algo essencial: nem todo recomeço precisa ser um rompimento com o passado. Às vezes, é apenas uma dança mais lenta com a própria vulnerabilidade. E naquele ritmo novo — feito de silêncios, promessas não ditas e toques que falavam — ela começava a confiar.
Confiar que Leonardo ficaria mesmo quando os dias fossem menos dourados. Que ele continuaria ali, mesmo quando os medos voltassem com força, mesmo quando ela não soubesse como ser amorável. Porque ele não parecia estar apaixonado por uma versão ideal dela. Mas sim por tudo o que ela era — inclusive os cacos, os muros e os silêncios.
Ele sussurrou, como se lesse seus pensamentos:
— O bonito não é quando a gente se encontra no auge. É quando se permite ser visto no avesso... e ainda assim, ficar.
Clarice respirou fundo, o peito finalmente relaxando. Porque agora ela sabia: havia alguém ali que a escutava mesmo no não dito. Alguém que não prometia eternidades, mas oferecia presença — e isso, p