Mundo ficciónIniciar sesión"Você não pertence à matilha. Você é um erro mágico que nunca deveria ter nascido." Foi isso que ouvi a vida toda. Meu destino sempre foi ser sacrificada ou controlada. Até que a lua cheia revelou algo diferente... algo que mudou tudo. Encontrei um lobo ferido e, sem saber, salvei meu companheiro predestinado. Mas nossa história foi escrita com sangue, traição e perda. Meu coração estava despedaçado. Meu poder, quase perdido. Minha avó... assassinada. Só restava uma escolha: voltar no tempo. Verônica, herdeira de uma linhagem rara e temida de bruxas do sangue, foi expulsa de sua matilha e usada como peão por alfas cruéis. Quando seu mundo desmorona, ela quebra as leis do universo e retorna ao passado para reescrever seu destino. Mas ela não foi a única que voltou. Outra bruxa viajou pelo tempo — disposta a fazer o que fosse preciso para roubar o futuro de Verônica. O que acontece quando o destino é desafiado por duas bruxas rivais? E quando o verdadeiro alfa despertar... ele ficará ao lado dela — ou será tarde demais?
Leer másRisco o chão da minha jaula sem ânimo para continuar vivendo. Já cansei de gritar, ninguém me ouve. Já tentei conjurar feitiços, mas estou fraca demais para isso.
Ele me trancou aqui dentro e fez questão de me isolar de qualquer fonte de poder. Admito que ele foi especialmente sagaz, dos três tipos principais de poder, o meu tipo é o mais difícil de ser conseguir anular.
Uma maldita bruxa escarlate que não consegue usar o próprio sangue para fugir de uma jaula, essa deve ser a pior e mais cruel das ironias do destino.
O meu algoz surge passando pela grande porta de madeira e ferro. As paredes de pedras repletas de runas e feitiços mais antigos do que a cultura dessa terra.
Essa é a linhagem da minha família, essa fortaleza é minha por herança. Mas ele a tomou de mim.
— Trouxe um pouco de pão e sopa para você — ele fala ao se aproximar das grades da jaula. — Antes que pense em jogar em mim, foi Talia que fez para você.
Não chego a olhar para ele, continuo desenhando os mesmos traços no chão. Se Talia concordou em obedecer a algum pedido dele, então é porque é uma traidora tanto quanto todas as outras.
— Mande ela enfiar essa sopa e esse pão onde a luz não toca — respondo, reforço um traço do desenho, isso está ficando bom, muito bom, na verdade, eu tenho um certo talento para isso.
— Verônica, pare com essa animosidade com quem está tentando proteger você. Não percebe como isso se parece? Ela é sua covalente, se não puder confiar nela, vai confiar em quem então? — ele volta a falar se afastando das grades e rondando a jaula para se aproximar de onde estou.
Ele tem razão, se não posso confiar na minha covalente, não posso confiar em mais ninguém. Todas e todos nessa fortaleza não passam de traidores vendidos.
Bastou o maldito alfa se oferecer como doador de sangue para que todas as seguidoras mais leais da minha avó se bandeassem para o lado dele.
Sangue de alfa é valioso, mas a lealdade deveria valer mais do que isso. Existem certos limites que não devem ser ultrapassados. Pelo visto eu sou a única a pensar assim, mesmo a lealdade de Talia tem um preço pelo que posso perceber.
Nem uma delas veio me ver, nem uma delas veio tentar me soltar. Eu sou a herdeira por direito dessa fortaleza, não esse assassino.
— Cuidado, alfa supremo — falo com o máximo de desdém e deboche que minha fraca voz consegue reproduzir. — A lealdade que é vendida pelo poder pode ser facilmente substituída caso apareça alguém mais forte.
— Eu não sou o seu inimigo, Verônica, de todas as pessoas daqui, você é a quem devo a minha vida e gratidão — ele diz me cercando do lado de fora.
É muito fácil me rondar estando protegido por uma jaula de isolante mágico.
Me levanto e me aproximo dele para esconder os desenhos no chão. Ele não pode ver, ainda não para não estragar a doce surpresa que estou preparando desde que me trancaram aqui.
— Se me deve a sua vida, então por que não me deixou tirar ela? Me dê ela agora, eu faço questão de cobrar — me aproximo da jaula, seguro nas barras grossa com o rosto apoiado nelas.
Lucian se afasta sem perder o contato visual comigo. Ele é esperto, sabe que estou planejando algo.
— Eu não sou seu inimigo, Verônica — ele se repete.
— Está bem, me prove. Me solta e vamos conversar cara a cara — falo e ele sorri sem humor.
— Eu quero confiar em você, quero que você volte para a frente da fortaleza, mas você está fora de si, foi envenenada, enganada-
Antes que ele continue com o discursinho dramático e tocante, o corto: — Você matou a minha avó e eu nunca vou te perdoar por isso seu traidor imundo!
Ele passa a mão no cabelo com desgosto, sabe bem que não tem como lutar contra isso. Eu vi acontecer, vi quando ele avançou sobre ela em sua forma de lobo. As garras cercando a única pessoa restante da minha família.
Assisti sem poder fazer nada enquanto ele abria a mandíbula e cravava os dentes na minha avó.
Ela nem teve chance de lutar, foi uma morte covarde.
— Maldito o dia em que eu te resgatei da sarjeta, eu devia saber que você foi deixado lá por uma boa razão — digo despejando todo o meu desprezo, ele tem a indecência de parecer sentir dor com as minhas palavras. — Como você pode trair aquela que te acolheu? Como? Você é um maldito, e eu juro que quando sair daqui vou amaldiçoar o dia em que você nasceu, vou amaldiçoar o seu nome, e vou deixar você vivo para que veja a sua linhagem sofrer as consequências dessa maldição. Eu vou me vingar pela minha avó.
— Você entendeu errado, Verônica. Como herdeira dela você deveria saber que Mirela Ravary não se deixaria ser morta daquele jeito tão facilmente, se ela estava ali foi porque quis estar ali — ele ainda tem coragem de dizer essas palavras para mim.
— Eu não sei o que você e essa corja de traidoras fizeram para deixar a minha avó naquele estado, mas sei que fizeram algo e eu não vou descansar até vingar a morte dela — falo e ele se afasta mais.
Percebo tarde demais que não está se afastando por conta das palavras que digo. O alfa está tentando ver atrás de mim o desenho que fiz no chão durante os últimos dias.
Corro para a comida que ele me trouxe, apesar de cansada e fraca consigo chegar antes dele para pegar a louça. Quebro ela no chão. Um prato a mais ou a menos depois de tantos que quebrei não faz diferença para quem tentar limpar.
Todas as vezes que traziam comida e eu quebrava as louças não era para demonstrar o meu desagrado. Era para conseguir um objeto cortante.
A porcelana é fácil de se desgastar no chão, mas consegui aranhar até completar o desenho. Consegui deixar os traços com profundidade o suficiente para receber o ingrediente crucial do feitiço.
— Obrigada pela porcelana, Lucian, dê os meus agradecimentos especiais para Talia.
O último fragmento da louça vai servir para colorir o desenho. Ele já estava pronto, só precisando de uns retoques e agora o sangue da herdeira por direito.
— Você não pode fazer isso, Verônica, vai deixar todos nós em perigo. Pense nos inocentes que você vai deixar desprotegidos se concluir esse ritual. — a voz dele é desesperada. O lampejo do verde-esmeralda em seus olhos oscila para se transformar em lobo.
Tarde demais para tentar me impedir.
— Eu preferia fazer isso sozinha, mas acho que com você aqui talvez seja ainda melhor — digo e passo a louça quebrada da palma da mão para o braço.
O sangue vai caindo no desenho e escorrendo por onde marquei os traços mais fundo no chão, vou recitando o feitiço para que ele siga pelo caminho sem desvios.
É difícil conseguir deter uma bruxa cujo o poder vem da magia de sangue. Eles conseguiram colocar uma magia de cura instantânea em mim, custou bastante do sangue de alfa supremo de Lucian e bastante das minhas irmãs bruxas traidoras.
Eu não conseguiria fugir dessa jaula sozinha, não com a minha quantidade limitada de poder e falta de habilidades.
Apesar das minhas limitações, eu ainda sou uma bruxa escarlate.
Lucian começa a se transformar em lobo enquanto termino o meu ritual. É difícil e dolorido fazer mais e mais cortes em minha pele enquanto ela cicatriza antes que sangue o suficiente para completar o feitiço consiga escorrer.
Lucian em forma de grande lobo alfa uiva alto, tarde demais para conseguir me impedir.
O sangue se encontra nas últimas arestas do desenho, o feitiço está completo. Eu acabei de quebrar a proteção centenária desta fortaleza. Criaturas mágicas podem entrar sem convite estrito.
Ouço outro uivo soando ao longe. O meu verdadeiro alfa veio me salvar daqui.
~Verônica~Minha primeira ação do dia, depois de acordar e perceber onde estou, é gritar.Um grito alto e prolongado de quem já não aguenta mais reviver a mesma porcaria de dia.Em seguida aparece Lucian derrubando a porta do meu quarto em posição de ataque. Ele procura o perigo inexistente e tudo o que consigo pensar neste momento é se uma porta quebrada vai ser a culpada pelo dia reiniciado."Alguém está aqui? O que aconteceu? Eu acordei agora a pouco e vim direto ver você e você não me respondia e começou a gritar...", ele para de falar.Lucian se aproxima da minha cama e me analisa por completo e me sinto despida sem que ele ao menos precise me tocar. Sinto além, como se ele visse meus órgãos por dentro.Existe esse reconhecimento entre nós, um que eu não entendia na primeira versão da linha do tempo. Mas que agora faz completo sentido.Puxo o lenço mais para cima em vã tentativa de me proteger de seu olhar penetrante."Estou bem, mas se eu tiver que repetir o dia mais uma vez porq
~Verônica~A criatura tem uma aparência cinzenta, parece uma mistura de sombras e fumaça, uma pintura em tons variando entre o preto e o branco.Sua imagem é instável e vibrante. Não sei explicar.É provável que eu esteja sonhando, só em sonhos o que vejo poderia fazer algum sentido. Ela anda flutuante em minha direção. Seu toque não tem textura nem calor ou frio, é como ser tocada pelo nada."Estou sonhando?"Ela toca em meu queixo o levando para cima, não sei como consegue me fazer mover se não a sinto. Ela me rodeia, seu andar se parece com uma cobra, tanto os ombros quanto os quadris se movem para os lados a cada passo."Faz diferença?""Suponho que não", respondo. "Lucian vai ficar bem?"Ela segura uma mecha do meu cabelo, essa mecha se torna cor de cobre. Me afasto de imediato no seu toque. A presença dela me dá um certo formigar sob a pele."Ele está bem, mas a relação de vocês dois está avançando de modo diferente da linha original.""É por isso que estou voltando tanto no temp
~Verônica~Lucian levou a sério o que falou sobre conseguir passar meses no mesmo dia. Infelizmente para mim, ele estava se divertindo bastante fazendo bagunça e ferrando com a linha do tempo.Destino não apareceu mais, assim como a minha avó. Essa segunda tem as razões de estar sempre ocupada cuidando da bagunça do meu protegido.Hoje ele apareceu no meu quarto limpo, sem vestígios de sangue. Dizer que ele apareceu hoje nem faz mais sentido para mim.“Quem é Eron?”, ele me pergunta.Lucian levou a sério o que falou sobre conseguir passar meses no mesmo dia. Infelizmente para mim, ele estava se divertindo bastante fazendo bagunça e ferrando com a linha do tempo.Destino não apareceu mais, assim como a minha avó. Essa segunda tem as razões de estar sempre ocupada cuidando da bagunça do meu protegido.Hoje ele apareceu no meu quarto, limpo, sem vestígios de sangue. Dizer que ele apareceu hoje nem faz mais sentido para mim.“Quem é Eron?”, ele me pergunta.Meu corpo gela. Não faz o mínim
~Verônia~Ravenna se vira para mim com sangue escorrendo da boca para a garganta. É uma cena grotesca. Ela fala diretamente comigo:"Pode vir também, Verônica, ele é todo seu. O gosto do poder dele é alucinante, irmã.""Ela quer experimentar ele de um modo diferente, Ravenna", uma das outra fala.Um grupo de umas dez e nem uma parece minimamente incomodada.Entro no quarto tirando a primeira da minha frente pelo cabelo. As outras cercando a cama saem do meu caminho."Calma, irmã, deixe de ser egoísta, só pegamos um pouquinho de sangue, de resto ele continua intocado."Me viro para quem falou isso. Todos os xingamentos que conheço surgem em minha mente, afasto todos eles para o lado e resolvo a situação com um soco certeiro no nariz dela."Qual o seu maldito problema?", ela me pergunta e as outra se unem para ajudar e a defender contra mim.<
~Verônica~Respiro fundo mal acreditando no que acabei de ouvir."Do que está falando, Lucian?", pergunto."Você também está revivendo o dia de hoje."Fico sem reação. Ele passa um instante ponderando, tem a atenção longe de quem junta tenta resolver um enigma complicado. Parece ter conseguido."A morte das três escarlates aconteceu. Não foi um sonho", ele fala e quase respondo que sim, mas não foi uma pergunta."Do que, exatamente, você se lembra?", pergunto e sinto como se todo o sangue do meu corpo subisse para cabeça.Ele não pode se lembrar do que aconteceu entre nós. Seria por isso que ele estava agindo diferente comigo? Não, isso nem faz sentido, ele não estaria fingindo esse tempo todo. Estaria?Será que Destino também o mandou de volta?"Eu acordei no dia de ontem, lembro da sua enviada trocar meus curativos e de você precisando da minha ajuda. E lembro que fomos a julgamento", ele termina de falar.Um grande alívio faz meu sangue voltar a circular normalmente da cabeça aos p
~Verônica~Lucian saiu correndo para longe de mim. Não, estou errada. Ele não saiu correndo para longe de mim, simplesmente, ele foi atrás de algo.Sigo atrás dele tentando entender o que está acontecendo. Ele é bem mais rápido, o que acaba por dificultar a minha vida aos montes.— Lucian, você ainda está machucado, não pode sair assim por aí, está se pondo em risco — eu grito e ele não parece me ouvir.Paro um pouco para tomar fôlego. Me apoio nos joelhos e quando volto a erguer a cabeça percebo que ele está indo por um caminho ainda mais perigoso.Lucian está trilhando a saída para a fortaleza.Droga, Lucian.Espero o meu dedo e faço um pequeno feitiço de resistência. Consigo correr melhor atrás dele, ainda assim um tanto atrasada. É meio difícil de competir com um lobo daquele tamanho.Mas, mesmo ele sendo um alfa forte, está debilitado.Espero realmente que o que quer que ele esteja fazendo valha a p
Último capítulo