Ana Beatriz é uma preta linda, uma jóia rara, preciosa, como a sua mãe a chamava, contudo, em algum momento de sua vida ela esqueceu isso. Os problemas, os medos e a tristeza tomaram conta dela e ela se deixou levar por eles. Edward King já amou uma vez e se depender dele, isso nunca mais vai acontecer. A perda o fez se tornar um homem frio em sua vida profissional e principalmente em sua vida pessoal. A vida de Ana vai se cruzar com a vida de Edward, e por trás do homem de sorriso maroto e encantador, às vezes surge o homem grosseiro e com um temperamento difícil, mas nada que Ana não possa lidar. Juntos os dois aprenderão o quão poderoso o amor pode ser em suas vidas. Ele aprenderá que é possível sim, amar uma segunda vez, e ela, bom, ELA É UMA JÓIA RARA, só precisa relembrar o seu valor!
Ler maisSalvador, Bahia!
BEATRIZ É noite e o vento forte balançava meus cabelos para todos os lados deixando os meus cachos embaraçados, o suor colava a minha calça, jeans clara e minha blusa, polo ao meu corpo me deixando desconfortável. Caminhei a passos largos pelas ruas do comércio, estava tudo tão silencioso. Alguns carros passavam e meu corpo gelou de medo. O que estou fazendo? Porque eu não dou meia volta? — Porque preciso! —Tento me convencer pela milésima vez. A vida é uma sucessão de escolhas e eu sinto, sinto em meu íntimo que vou me arrepender dessa minha escolha. Ou talvez seja só o medo falando. — Mas agora é tarde! Não dá para retroceder. Se dependesse apenas de mim eu estaria em meu quarto, estudando as matérias atrasadas da faculdade. Pensei, sentindo a tristeza nublar meus pensamentos mais uma vez, mas tão rapidamente surgiu, me obriguei a ignorá-la. Contudo, eu não posso! Não tenho dinheiro para pagar minha faculdade, não tenho dinheiro nem para pegar um ônibus para chegar ao meu destino, piorou os materiais que preciso, fora as xerox e impressões. Eu poderia continuar me lamuriando, porque tudo está dando errado em minha vida, mas cansei. Cansei de verdade! Aspirei o ar me sentindo emocionalmente cansada. Outro carro passa ao meu lado e buzina. Meu coração volta a bater rápido. Respiro fundo e olho as horas em meu relógio de pulso. 00:00h. Já faz uma hora e meia que estou andando sem parar, me sinto uma maluca. Uma maluca cansada. Viro a esquina na rua Portugal, passando ao lado da empresa Contax, e paro em frente a Ladeira da Montanha. Eu deveria dar a volta… Mas nesse caso demorarei mais ainda e meus pés não estão aguentando mais. Encarei a ladeira mais uma vez e sinto dúvida, mas ela logo se desfaz e me vejo dando mais um passo ao desconhecido. Diferente das ruas, a ladeira parecia estar em festa. Havia uma prostituta por toda a ladeira, elas falavam alto, riam, acenavam para os carros que passavam, alguns paravam, outros buzinavam e seguiam seu caminho. — Ei coisa linda, quer se juntar a nós? — Ouço uma delas me perguntar, mas desconsiderei completamente. Sou louca, só pode ser isso. Ando o mais rápido que posso, até sair da ladeira da montanha, no topo virei à esquerda, na rua Carlos Gomes. Fui andando até chegar na rua Dois de julho, desci o contorno chegando enfim ao meu destino. O mau cheiro da rua se misturava ao meu medo, eu não sabia o que era pior. Era um fedor de fezes, maconha, sujeira, tudo junto. Meu coração batia forte como nunca, a sensação que eu tinha era que ele ia sair a qualquer momento pela minha boca. Você não pode fazer isso, vai contra todos os teus princípios! Minha consciência me acusou outra vez. — O que farei? — Sussurrei. — É isso ou morrer de fome. Não é como se eu fosse me prostituir. — Tornei a sussurrar, mas a dúvida, a sensação de está fazendo algo errado me corroía por dentro. Meu irmãozinho depende de mim, não temos mais ninguém, o que posso fazer? Chego em frente a um grande portão preto que descascava, talvez devido ao tempo. Meus olhos se focaram no enorme letreiro acima do portão, escrito “CASA SENSAÇÃO”, em vermelho e azul com letras de imprensa, ao lado um desenho de peitos brilhava em neon vermelho. Cafonas! Pensei reprimindo um impróprio. Faço a volta para chegar na entrada de serviços como Lourdes havia me explicado. Um dos seguranças me viu e levantou, eles me olhavam como um pedaço de carne e isso fez eriçar todo o meu “coro cabeludo”. Uma sensação péssima. Lourdes disse que eles estão me esperando, então não tenho porque me preocupar. Procurei me convencer. — O que faz aqui negona, se perdeu? — O segurança perguntou parando em minha frente, enquanto o outro me observava sentado em uma cadeira giratória, na cor preta. — Boa noite! — Os cumprimentei séria. — Senhor, tenho uma diária para fazer. — Tem certeza? — Questionou-me confuso. — Qual o seu nome? — Absoluta! Chamo-me Ana Beatriz. — Bom, Ana Beatriz, não somos nós que cuidamos de contratar as putas daqui Eu deveria me sentir ofendida pelas palavras dele, mas tudo que eu conseguia era me sentir envergonhada. Lembrei de minha mãe falando: — “Bea, quem se mistura com porcos, farelo come.” Ela acreditava que se a pessoa tem uma má companhia, acaba realizando as mesmas coisas ruins também. Porque ela não conheceu a fundo a história de Lourdes. Volto a cogitar. Eu não o culpo por pensar que sou uma prostituta, se alguém passasse agora e me visse nesse lugar pensaria o mesmo. — Não, estou aqui para diária como camareira, vim por indicação da Lourdes. — Respondi com um sorriso sem graça. — A puta aposentada? — O outro perguntou saindo de seu lugar. — Cara, essa mulher é famosa aqui. — Continua a dizer com um largo sorriso. — Como ela está? — Bem! — Terminou a faculdade? Lembro que ela estava estudando… — Ele parou de andar fazendo uma expressão estranha, como se estivesse tentando lembrar de algo e empertigou-se, fechando o primeiro botão de seu blazer.No mínimo, ele não fez cara feia, Levi no lugar dele faria um show de caras feias. — Quando o remédio fizer efeito, a febre vai baixar. — Expliquei. — A dor de cabeça está muito intensa? — Ele afirmou com a cabeça. Tornei a pegar a necessaire da poltrona, abri e peguei o vick de dentro, em seguida, joguei a necessaire de volta na poltrona. Abri o vick e peguei uma pequena quantidade no dedo indicador da mão direita e depois na esquerda, fechei e joguei o Vick na poltrona também. Sendo observada por Edward, cheguei mais perto da cama espalhando o vick em meus dedos polegar, indicador e médio. Sem pedir licença, sentei na cama e o mesmo olhou-me surpreso mais uma vez. Não sei por quê. Aproximei minhas duas mãos em cada lado de sua face, ele notando meu intuito, segurou minhas mãos no ar. — O que está fazendo, Ana Beatriz? — Vou massagear as suas têmporas, faço isso em Levi e alivia, quando ele está com muita dor de cabeça. — Edward ficou em silêncio. — Posso? — Após me fitar por l
Ignorando as batidas frenéticas de meu coração e a sensação estranha que sinto na boca do estômago, todas as vezes que penso ou estou no mesmo ambiente que o Edward, passo a arrumar as roupas em seu devido lugar. Após terminar de guardar tudo, saí do quarto e notei que ele já havia deitado outra vez. — Já estou de saída, Edward. — Ele resmungou algo e eu segui meu caminho. Quando estava chegando na porta, parei de andar ao ouvir ele espirrar várias vezes. Virei em sua direção. — Por que não avisou que estava gripado? — É uma gripe besta, Ana Beatriz, não quis te incomodar com essa besteira. — O olhei atenta e somente agora notei o quanto estava abatido. Ignorando as suas palavras, caminhei até a cama. — O que está sentindo? — Indaguei o fitando com atenção, com meus pensamentos libertinos sendo substituídos pela preocupação. — Dor de cabeça. — E? — Ele voltou a sentar na cama. Vejo sua face avermelhada e logo imagino que o mesmo está febril. — Dor de garganta... Como falei, uma
— A propósito... Você e Levi deram um show. — Maria disse antes de sair com um sorriso maroto nos lábios. Envergonhada, tornei a comer meu acarajé em silêncio, Felipe é quem rompe o silêncio constrangedor que se formou entre nós. — Ela tem razão, sabia? — Felipe diz e eu o olhei sem entender. Ele comia catado de siri, seu prato estava cheio, mas conhecendo um pouco o seu apetite por comidas baianas, aquele prato seria apenas o aperitivo. — Não entendi. — Você e Livai dançam muito bem. — Ah, sim! Agradeço! — Você pode me ensinar algum dia? O máximo que sei dançar é valsa ou tango. — Ele parecia estar procurando assunto para conversar e isso me irritava. Balancei a cabeça afirmando, ele voltou a comer. — Hum! Felipe, ele está realmente bem? — O questionei, ele parou de comer, respirou fundo e me olhou com atenção. — Está sim! Sei que você gosta do Edw, Bea, então te peço que tenha paciência e que não desista dele ainda. — Arregalei meus olhos em choque ao seu pedido. — Você não n
— Seja corajosa. — Ouço Maria dizer e olho em sua direção.— Ãh? O que disse? — Perguntei atrapalhada.— Transparente demais mulher. — Ela tornou a sorrir. — Sua mente parece que está girando com tantos pensamentos confusos, que bom que ela não sai da sua cabeça. — Brincou.— Só estou preocupada.— Sei disso, mas lembre-se o que eu disse: tenha coragem! Se você quer mais, insista por esse mais. — Balancei a cabeça afirmando. Olhei de relance para Levi e o vi com o celular na mão.— O que está fazendo? — Perguntei e franzi minhas sobrancelhas ao ver que o mesmo me olhou assustado. — Levi?— Estava mandando uma mensagem...— Para quem?— Tio Edw.— Por que?— Bea, não posso falar, desculpa, mas é um segredo nosso.— Desde quando você guarda segredos de mim?— Quando o segredo não é meu e nem seu, não posso falar. Droga, não é que ele aprendeu direitinho.— Mas...— Quer dançar? — Ele perguntou me cortando. Resmunguei irritada e Maria ri ao meu lado.— Uma coisa sabemos. — Ouço Maria di
— Que tipo de besteira? — Perguntei engolindo em seco. Não suporto imaginar Maria pensando no Edward nu.— Estava pensando em um cliente do senhor Edward, ele tem uma cara que tem muitos talentos na cama.— Você está afim dele? — Perguntei achando graça de sua fisionomia sonhadora.— Estou!— E já falou isso a ele?— Não, porque o Maicon está passando por uma situação difícil e ele precisa está focado em provar a inocência dele, sinto que eu atrapalharei.— Você sabe que soou como uma desculpa?— Sei! — Ela diz antes de tornar a gargalhar. — Ele nunca demonstrou interesse em mim, fora que os pais dele estão com ele.— E se tivesse uma oportunidade, você diria como se sente em relação a ele?— Claro que sim. Todas as vezes que estou com ele meu corpo fica quente. Claro que pode ser a falta de sexo, são mais de dois anos sem dá para ninguém. Aí quando observo a pele preta dele, a minha vontade é lamber todinha, ele é alto, tenho fraco por homens altos, seus braços são longos e seus dedo
— Sinto muito dizer isso a você, mas infelizmente alguns homens são muito babaca, Bea.— Sei disso, mas eu...— Gosta dele?— Sim, gosto! — Admiti. — No início era só desejo e eu conseguia me controlar, mas agora me apaixonei por ele. Ele é o meu primeiro pensamento quando durmo e acordo.— Se é que você já o ama e não se deu conta disso.— Assim você não ajuda, Maria.— É sério, Bea!— Eu não posso amá-lo. — Falei mais por falar, pois nem eu acreditava em minhas palavras.— Por que não?— A vida não é um jardim de flores para mim, é um canteiro de obras, que está a propósito, uma bagunça, Maria.— E você acredita que a vida dele seja um mar de rosas? — Incredulidade surgiu em sua voz.— Não, sei que não é. Todos temos nossas lutas, Maria. Algo para consertar, reformar, construir, reconstruir ou desfazer. — Suspirei recostando a cadeira e olhei para o teto. — O canteiro de obras dele é totalmente diferente do meu. — Ouço Maria rir e olho em sua direção. — O que foi?— Achei engraçado
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