A luz da tarde entrava suavemente pelo janelão do quarto de Ian, pintando o ambiente branco com tons quentes de âmbar. Pela primeira vez desde o tiro, o ar não cheirava apenas a antisséptico e medo. Havia um frasco de água com flores do campo (colhidas por Léo no jardim do hospital) e um leve aroma de café fresco que Carla conseguira fazer na sala de visitas.
Ian estava sentado na cama, apoiado por pilhas de almofadas. A palidez ainda estava lá, assim como as sombras sob seus olhos, mas havia uma lucidez e uma serenidade em seu olhar que não existiam antes. Olívia estava ao seu lado, em uma cadeira puxada para perto, seus dedos entrelaçados com os dele sobre os lençóis. Era um quadro de paz conquistada, frágil, mas real.
Matheus mantinha sua postura vigilante perto da porta, mas sua atenção não estava apenas no corredor. Seus olhos, de maneira quase involuntária, seguiam Carla, que ajudava Léo a desembrulhar um novo quebra-cabeça no tapete. O menino estava mais calmo, concentrado nas