O mundo voltou em fragmentos doloridos.
Primeiro, o som: um zumbido agudo, persistente, como o eco do grito que ainda reverberava em seus ossos. Depois, o cheiro: antisséptico, limpeza hospitalar, misturado ao aroma sutil de flores murchas. Por fim, a sensação: um peso imenso em seu peito, uma dor latejante em suas têmporas, e um frio que vinha de dentro.
Olívia abriu os olhos.
Teto branco. Luminárias fluorescentes. Soro gotejando em seu braço.
E então, a memória: O carrinho vermelho. Na mão do homem encapuzado. O sorriso cruel.
Ela sentou-se na cama com um arranco, os fios do monitor cardíaco puxando sua pele.
— Léo — a palavra saiu como um raspado seco de sua garganta. — Onde está o Léo?
Seus olhos selvagens percorreram o quarto privativo. A janela mostrava um céu noturno. Ela estava sozinha.
— LÉO! — seu grito rasgou o silêncio estéril.
A porta se abriu abruptamente. Helena entrou, seu rosto habitual de calma estava marcado por linhas de preocupação profunda. Mas era quem estava at