A porta da mansão Moretti abriu-se com um estalo suave e solene, como um suspiro de resignação. O cheiro familiar — uma mistura de madeira polida de séculos passados, flores frescas trocadas diariamente e o fantasma do perfume caro que sempre pairou no ar — envolveu Olívia como um abraço opressivo. Era o aroma do poder, do legado, de tudo que ela jurara deixar para trás.
Ela mal conseguia respirar.
Saiu do carro de Ian cambaleando, seu corpo ainda um eco vivo da tempestade que haviam compartilhado. As pernas tremiam, não de fraqueza, mas da descarga adrenalítica que percorrera seu ser. Seus lábios estavam levemente inchados, e ela ainda podia sentir o gosto dele — uma mistura de sal, desejo e uma vulnerabilidade tão rara que doía mais que qualquer beijo possessivo. Aquele ato de união selvagem e desesperada no carro queimara todas as fronteiras que ela tentara, por meses, erguer entre eles. Fora uma conflagração, não um reencontro. Agora, as cinzas ainda quentes cobriam sua pele e sua