O pequeno café de esquina era uma ilha de normalidade em meio ao turbilhão que sua vida se tornara. Naquela manhã fria, envolta numa penumbra cinzenta que prometia chuva, o local estava particularmente silencioso.
Olívia estava sentada em uma mesa no canto, com o celular aberto na tela de um currículo que parecia pertencer a outra pessoa, de outra vida. "Experiência em gestão de projetos... fluente em três idiomas..." As palavras dançavam em sua visão, mas sua mente, traiçoeira, insistia em vagar para longe dali, para mansões sombrias, olhares gelados e segredos enterrados sob alicerces de mentiras.
Ela respirou fundo, o ar morno e doce do café enchendo seus pulmões. Concentre-se, ordenou a si mesma. Reconstruir. Um tijolo de cada vez. Uma vaga de emprego, um salário próprio, uma vida longe do veneno dos Moretti.
Ela estava tentando. Com cada fibra de seu ser cansado, ela tentava.
Até que a campainha da porta tilintou, suave e inocente, e o mundo que ela lutava para erguer desabou mai