O consultório era um santuário de silêncio. Um silêncio tão profundo que parecia absorver até o som da própria respiração, tornando-a um eco incômodo no espaço entre quatro paredes.
Ian estava sentado na poltrona de couro escuro, um móvel impessoal que já havia testemunhado inúmeras confissões, mas nunca a de um homem como ele. Suas mãos, habituadas a assinar contratos que moviam milhões, estavam entrelaçadas com tanta força que os nós dos dedos branqueavam.
À sua frente, o Dr. Pietro — um homem de olhos tranquilos e cabelos prateados — observava com uma paciência que parecia infinita. Era o olhar de quem já vira o colapso de titãs e sabia que, no fundo, todos se reduziam a meninos assustados.
— Você parece cansado, Ian — a voz do psicólogo era suave, uma pena tocando na superfície de um lago congelado.
Ian soltou uma risada baixa, um som oco e sem humor que ecoou no ambiente contido.
—O cansaço é a única coisa que me é fiel, Doutor. Não me lembro da última vez que não estive cansad