O crepúsculo começava a se instalar sobre a propriedade dos Moretti, tingindo o céu de tons de púrpura e laranja que se refletiam nas janelas altas da mansão. Benjamin estava encostado na pesada moldura de carvalho da janela da biblioteca, seus dedos curvados em torno de um copo de uísque que já estava quase vazio. O cristal pesado sentia-se familiar em sua mão; tantas noites assim, observando o mundo de fora, mantendo as aparências.
Lá fora, sob a chuva fina que começara a cair, uma cena se desenrolava como um teatro da vida real. Dois vultos entrelaçados em um drama que ele não havia escrito, mas do qual era espectador cativo. Ian e Olívia. Como bonecos movidos por cordas de paixão e desespero, eles dançavam sua dança de destruição mútua no jardim encharcado.
Ele não conseguia ouvir as palavras; a espessa vidraça à prova de som da biblioteca isolava-o do mundo exterior, mas via a coreografia da dor. Os gestos amplos e violentos de Ian, seus braços se movendo como lâminas cortando o